segunda-feira, 27 de setembro de 2010

FOTOS IMORTAIS ( I ) - "GERRILLERO HEROICO"


Giulio Sanmartini - O fato de não gostarmos de alguém ou de algo, não pode permitir a um jornalista que deixe de citar uma realidade. A foto de hoje é de autoria do cubano Alberto Diaz Gutierrez, conhecido por Korda (1928/2001) e foi tirada em 5 de março de 1960 em Havana retratando Ernesto “Che” Guevara, quando dos funerais dos 81 mortos na explosão do navio francês Lê Coubre, ocorrida no dia anterior, no porto dessa cidade e deu à foto o nome “Gerrillero Heroico”

Che Guevara não me é de forma alguma simpático em nada e o vejo da seguinte forma:

Um calmo sorriso zombeteiro que lhe diminuía os olhos, debaixo de uma fronte saliente e curta, mas abrandada pela boina basca. Robusto e asmático, sempre munido com sua bombinha de facilitar a respiração: era um frágil fanático, perfeito para tornar-se um ator de Hollywood. Mas ao contrário foi eleito o santo de uma geração, que se acreditava generosa porque era confusa e se identificou com esse argentino cabeçudo, que incubava boas intenções furiosas... sorria e não usava gravatas. Mas era de tal forma fotogênico que até hoje se briga pelo “copyright” das suas fotos, que são impressas em garrafas de vodka mesmo sabendo que era abstêmio, em camisetas, em palcos de shows, e nas manifestações do regime em Havana, cidade onde as mulheres seduzem os turistas, prostituindo-se com mais gosto que antigamente. Esse antigamente refere-se aos anos 1950, Cuba era a terceira ou quarta nação da América Latina em renda per capita, com uma péssima distribuição de renda, mas com um consumo per capita de calorias que a colocava em quinto lugar no continente. Mais ainda, 1958 existia uma televisão a cada 25 habitantes; só a Argentina e o Uruguai tinham mais médicos e em escolarização estava em quarto lugar.

Guevara teve o privilégio de morrer antes que se fizessem as contas. Quarenta e dois anos depois de sua revolução os refugiados nos Estados Unidos, juntamente com seus descendentes somam mais de um milhão. Mesmo assim ele é ainda venerado e amado por velhos barrigudos e adolescente. A revolução é sempre aquela do amanhã, alguém traiu a revolução de ontem da qual Guevara ficou para sempre como um herói sem culpa.
Malgrado sua fotogenia era um desvairado admirador de Stalin: “Não tenho casa, mulher, filhos, pais, irmãos; os meus amigos o serão enquanto pensarem como eu penso politicamente”.

Mesmo assim não posso negar que está fotografia é uma das imagens mais reproduzidas do século XX. Está desde em camisetas até xicrinhas de café. A cópia que apresento é a original sem retoques, onde à esquerda pode ser visto o perfil do jornalista argentino Jorge Ricardo Masetti Blanco (Comandante Segundo), fundador da “Prensa Latina” em Cuba.

O curioso dessa foto é que nem foi usada na época pelo jornal em que Korda trabalhava. Após sete anos arquivada, Gianfranco Feltrinelli (editor italiano) solicitou do jornal essa imagem e imprimiu milhares de pôsteres apenas do rosto de Che. Anos depois, Jim Fitzpatrick também foi na onda e criou a estampa de Guevara que é até hoje. E, o mais ingrato é que Korda jamais recebeu royalties pela fotografia.

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