Por Matheus Leitão e Felipe Coutinho - O Ministério Público Federal denunciou os promotores Leonardo Bandarra e Deborah Guerner por envolvimento no escândalo de corrupção conhecido como mensalão do DEM, que derrubou José Roberto Arruda (sem partido), primeiro governador preso no exercício do mandato.
Bandarra era o procurador-geral de Justiça durante o mandato de Arruda e, segundo a Folha apurou, a denúncia o acusa de "vazar" informações sigilosas de investigações para o então governador. Guerner seria a intermediária no "esquema".
Na denúncia, também sob sigilo judicial, o procurador Ronaldo Albo acusa os dois de receberem propina de Arruda para proteger seu governo dentro do Ministério Público do DF.
Apesar de tratar do mesmo caso, a investigação contra os dois procuradores tramita separada do processo contra Arruda, ex-secretários de governo e ex-deputados distritais acusados de envolvimento no desvio de verbas de contratos de informática dentro do governo e pagamento de mesada para apoio na Câmara Legislativa.
Em depoimento prestado em dezembro de 2009, o delator do esquema Durval Barbosa já havia afirmado que Bandarra recebeu R$ 1,6 milhão de propina. Numa operação de busca e apreensão realizada pela operação Caixa de Pandora, a PF encontrou dinheiro num cofre enterrado na casa de Deborah Guerner.
Bandarra não foi localizado para comentar a denúncia e o advogado de Deborah, Pedro Medeiros, afirmou que não comentará o caso em sigilo.
Há um mês, a defesa de Deborah entrou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) com um habeas corpus para criticar a atuação do procurador responsável pelo caso. "O procurador conduz as investigações individualizadamente, revestindo-se de funções policiais", afirmou Medeiros no processo. A defesa pediu para ter acesso a provas que, segundo eles, eram negadas por Albo.
Nessa quinta-feira (4), Arruda, acusado de ser o chefe do mensalão do DEM pelas investigações, esteve pela primeira vez frente a frente com os delatores do esquema. Por cerca de uma hora, Arruda participou de acareação junto com Durval Barbosa e Edson Sombra, principais testemunhas do mensalão do DEM. Os três foram ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), que também investiga os promotores no "esquema".
A Folha apurou que Arruda, Barbosa e Sombra não trocaram nenhuma palavra. Todos mantiveram as versões sobre a atuação da promotora. Na acareação, Sombra e Arruda se encararam durante os 60 minutos que estiveram frente a frente. "Ele me olhava sem parar enquanto eu confirmei o que já havia dito em depoimento. Então, eu o encarei também", disse o jornalista.
Arruda, na sua versão, acusa o ex-governador e inimigo político Joaquim Roriz (PSC) de ter pago propina a Deborah. Arruda disse ter ouvido da promotora que Roriz lhe pagou R$ 2,4 milhões, divididos em três prestações de R$ 800 mil, para que não fosse investigado por supostas irregularidades em sua gestão.
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