O parlamento europeu está promovendo um seminário que tenta responder à pergunta “quando as rede sociais fazem a opinião pública na Europa”. O seminário começou dia 12 de Janeiro, e segue na internet. Ele conta com a participação de pesquisadores, parlamentares e outros interessados.
Stanislas Magniant acredita no poder que surge nas redes sociais e na sua utilidade para parlamentares, principalmente fora das campanhas polícias. Ele concedeu uma entrevista ao blog do evento. Stanislas é o chefe para Europa da Digital, que é parte do Grupo MSL, marca da Publicis (uma rede de relações públicas). Fundador da plataforma Netpolitique.net – onde se estudam os fenômenos políticos e sociais na era digital - ele tem participado ativamente em projetos e conferências sobre a utilização dos novos meios de comunicação social e política, leia-se; redes sociais. Leia o que ele diz:
1) As redes sociais e interativas mudaram a internet. O que significa Web 2.0? Como pode este espaço virtual ajudar os políticos a se comunicarem melhor com os cidadãos?
Há realmente duas maneiras de interpretar esta questão: quando você perguntar aos políticos como a web pode ajudá-los a se comunicar com os cidadãos, eles geralmente respondem em termos dos canais, que de maneira direta e sem mediação, lhes possibilitam enviar informações, mensagens, pensamentos para os seus eleitores. Em geral, eles vêem isso como um estreito canal de auto divulgação, que complementa a mídia tradicional de radiodifusão (para aqueles políticos suficientemente populares para terem acesso a rádio e TV).
Quando você pergunta aos cidadãos a mesma coisa, eles entendem de forma diferente, e consideram a web uma oportunidade única de expressar as suas preocupações e dar o seu parecer aos seus representantes eleitos. Eles vêem isso como um canal de baixo para cima para chamar a atenção desses políticos presentes nas redes sociais.
Verdade seja dita, este equívoco constante é o cerne da desconexão política feita pela web. O espaço virtual que você menciona não é um "espaço público" no sentido mais puro da palavra. Políticos e cidadãos se cruzam, mas raramente se encontram na web. Troca de tweets pode ser uma boa comunicação, mas não faz política. Em essência, criar esse espaço ainda é um trabalho em andamento e nós devemos olhar a evolução geracional ao invés de soluções tecnológicas.
2) Dentro de toda a UE, a participação dos cidadãos nas eleições diminui a cada pleito. Qual é a valor agregado das redes sociais na formação de uma opinião pública européia, se é que existe algum valor?
Estou realmente muito otimista em relação ao surgimento de uma opinião pública européia, especialmente entre os jovens, mas não vai ser algo galvanizado em torno de eleições. Ele vai se manifestar fora dos ciclos eleitorais, de questão em questão. Mobilizações em torno de determinados temas vão cimentar as coligações para além das fronteiras geográficas e ideológicas, e depois se dissolvem. A “Iniciativa dos Cidadãos Europeus” (movimento na internet), provavelmente irá acentuar esta tendência.
3) As redes sociais se diferenciam quanto a suas ferramentas, destino e finalidade. Como elas podem contribuir de forma diferente com as estratégias de deputados e suas campanhas?
Elas são um recurso fantástico para os deputados. Elas são baratas, elas estão livres dos filtros da mídia [tradicional] (e seu baixo nível de interesse nos assuntos europeus) e são muito adequadas para manter o elo com os eleitores, mesmo estando em Bruxelas, Estrasburgo ou em qualquer lugar. Dito isso, há pouca diferença no uso para uma eleição européia ou de uma eleição tradicional. O cerne do problema reside no nível de atenção e interesse de um eleitorado nacional dedicar-se a assuntos europeus, não o seu nível de interesse nos meios de comunicação social. Em consonância com a observação acima, a mídia social para os deputados tende a ser muito mais útil fora de ciclos de campanha, para resolver os problemas enquanto eles estão ocupando seus gabinetes.
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