segunda-feira, 27 de setembro de 2010
JOSÉ SERRA EVITA CONFRONTO DIRETO COM DILMA DURANTE DEBATE DA TV RECORD
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, evitou embate direto com a adversária petista, Dilma Rousseff, em debate da TV Record, ontem, 26. Quando teve a possibilidade de perguntar diretamente a Dilma, Serra escolheu Marina Silva, candidata do PV, e Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL.
Os dois candidatos se enfrentaram apenas uma vez, no primeiro bloco do debate. Serra questionou Dilma sobre o loteamento de cargos nas agências reguladoras, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a ANS (Agência Nacional de Saúde). Ela negou a afirmação e disse ser a favor da meritocracia. Na resposta, a petista alfinetou o PSDB, partido que antecedeu o PT na Presidência, e criticou a gestão tucana quando assumiu o Ministério das Minas e Energia no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Cheguei ao Minas e Energia [ministério] e tinha um engenheiro e 24 motoristas. As agências tinham um papel complicado. A área de energia estava muito precária. Não tinha plano de carreira nas agências. Quem criou a estrutura de cargos e salários fomos nós”, disse Dilma.
A petista criticou a gestão de Serra no Governo de São Paulo ao dizer que 40% dos professores do Estado mais rico do país tinham vínculos precários e que, quando houve concurso, a reprovação foi alta e, para preencher as vagas, foi preciso chamar os reprovados.
Serra rebateu a petista, disse que ela está desinformada. Na tréplica, Dilma disse que as informações são públicas e se disse surpresa que um Estado que tem as três melhores universidades do país não tenha como substituir seus professores. A petista também voltou a defender as agências reguladoras e disse ainda que o País passou por um racionamento de oito meses por falta de planejamento e aproveitou para cutucar Serra.
“O Ministério do Planejamento não fez planejamento adequado, e o senhor era ministro”.
DILMA TAMBÉM EVITOU O CONFRONTO
Líder nas pesquisas, Dilma também evitou confronto direto com Serra. Ela questionou Marina sobre qual seria sua política para a área do emprego. A candidata do PT citou números do Governo Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que mais de 60 milhões de brasileiros saíram da pobreza. Ao responder, Marina disse que reconhece os avanços econômicos do atual Governo, mas que é preciso investir mais.
“O bom é quando se trabalha para ter o que eu chamo de inclusão produtiva. Ainda temos cerca de 30 milhões vivendo em condições de pobreza. O desafio da empregabilidade continua muito grande. [...] Eu quero investir em educação profissionalizante”.
Na sua vez, o tucano questionou Plínio sobre a política externa do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao falar sobre a relação do Brasil com países como Irã e Haiti, o candidato do PSOL disse que é preciso que o Governo brasileiro tenha “noção do nosso lugar”.
“Nós temos relações com os EUA. Quer país para criar mais problema com os direitos humanos do que com os EUA? Ninguém pode ter bomba atômica. Os EUA é um país ditatorial e nós temos parceria com eles, porque não com o Irã?”.
DOIS CONTRA UM
Plínio e Marina questionaram Dilma sobre os escândalos que envolveram a Casa Civil. Ao candidato do PSOL, a petista disse que vai “investigar até o fim” as acusações contra funcionários.
“Eu queria assegurar, sem sombra de dúvida, que, se eu assumir, se o [atual] governo não concluir as investigações, eu vou investigar até o fim. Acusações e denúncias devem ser apuradas. Ninguém está acima de qualquer suspeita. O importante é que não se deixe nada sem apurar.”
Ao responder a Marina, a petista disse que as duas participaram do mesmo governo e implantaram mudanças para garantir profissionalismo e recompor a máquina pública. A candidata verde rebateu dizendo que o que foi feito não deu resultado. Dilma, na tréplica, atacou Marina.
“Marina, a mesma coisa foi feita por você. O seu ministério teve problemas, pessoas em cargos de chefia envolvidas em compra de madeira de desmatamento. E isso foi objeto de investigação da PF. As mesmas providências que você tomou, eu tomei. Mas isso não impede que esses casos se repitam, precisamos que a instituição melhore, fiscalize e puna, acabando com a impunidade.”
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