*Por
Roberto Caminha Filho - Após os vexames do futebol brasileiro terminando 2011
em sexto lugar no ranking da FIFA resolvemos fazer uma discussão sobre o nosso
futebol.
Era a Mesa Redonda do Natal e quem
deveríamos chamar para compô-la no Amazonas? a inspiração desceu de trenó.
Papai Noel chegou e foi determinando:
- Robertinho, chama o Limongi, ele
carregou o piano de vocês durante muito tempo. Outro que deves chamar é o
Arnaldo Santos, ele brincou nas onze, treinou um volibol campeão e sabe muito
de futebol e de Copa do Mundo. O Maneca e o Evandro Farias por terem feito do
Nacional um gigante da região norte.
O Mário Cortez pelo que faz pelo
futebol amazonense até hoje. Papai Noel olhou para mim e disse:
- Vamos lá, caboclo! Tu andavas
pedindo um debate com quem manda, há muito tempo. Começa dizendo os pontos que
devemos atacar neste dia. Envergonhado, comecei:
- A mesa inteira é melhor do que eu,
mas vamos lá:
1- Nós devemos começar agora, a
formar os nossos voluntários da Copa.
2- As pessoas
encarregadas do turismo já poderiam ir tratando de fazer o nosso City Tour
lembrando que tem coisas além do Teatro Amazonas, da Ponte e do Encontro das
Águas.
Papai Noel bateu na mesa e disse:
- Ho Ho Ho Ho, Robertinho, deixa de
leseira, estamos aqui reunidos para falar da seleção brasileira, se tu não
sabes começar, dá a palavra para outro.
Fiquei ferido e disse:
- Vamos mudar a CBF. A CBF, hoje, é
a maior empresa individual do Brasil. Ninguém tem o direito de opinar em uma
empresa individual. Nem a Presidente.
- Vamos mudar o técnico da Seleção
de Ouro e colocar os nossos aprendizes de treinadores sob a batuta do Mourinho.
- Vamos trazer de volta a Seleção de
Ouro para jogar no Brasil porque a Copa vai ser aqui e a torcida deve voltar a
amar a nossa seleção e não a do Dono da CBF.
- Impor a técnica do Gentil Cardoso
para as “Feras do Brasil” e esquecer João Havelange e família. Relembrar João
Saldanha.
- A técnica do Barcelona é uma
imitação capenga da “Laranja Mecânica” mas não sabe abafar os adversários para
tomar a posse da bola e sair jogando em contra ataque rápido. Na Copa do Mundo
os espanhóis, campeões do mundo, não terão, de novo, o Messi, e aí a coisa
endurece.
- As datas FIFA servirão para
treinamento de um novo padrão e, em vez de dois jogos, apenas um, o resto é
treinamento.
- Os garotos com idade para as
Olimpíadas do Rio, farão treinamento de potência e aumento da massa muscular,
sem comprometimento da velocidade. Os nossos olímpicos parecem crianças quando
enfrentam os europeus. Levamos um tranco e caímos, isso quando não nos
contundimos.
- Contrataremos os grandes
especialistas do mundo, na matéria, e não os leigos que superlotam as academias
dos clubes com aqueles livrinhos que chegam nos aparelhos.
O destemido Evandro pediu a palavra
a Noel e, com raiva falou:
- Estávamos na nossa rua, em 1974,
vendo pela televisão, Uruguai x Holanda. O Pablo Forlan pegou a bola, dominou-a,
abriu o peito e, quando ia sair para o jogo, quatro camisas laranjas caíram
sobre ele, tomaram-lhe a bola e saíram jogando na direção do seu gol, sem
perder tempo com firulas. Ele achou que havia algo errado. O Pedro Rocha,
craque de bola, pensou que era entusiasmo, dominou outra bola, tentou virar
para sair na direção do campo da Holanda quando três trens o atropelaram e
saíram para fazer gol. O Forlan disse que só pediu ajuda da mãe duas vezes: a
primeira, quando estreava no Estádio Centenário, lotado. E a segunda, quando se
viu diante da impetuosidade da Laranja Mecânica. Recentemente, a TV Globo
reprisou esse fato. O Gentil Cardoso, um dos últimos técnicos brasileiros que
sabia de futebol, lançou a frase que é cunhada na entrada do Museu do Futebol :
Quem desloca, recebe; quem pede tem preferência.
Todas as seleções que nos
surpreenderam, beberam da nossa fonte e usaram a frase do Gentil. E nós?
Aprendemos o que eles deixam de usar, coisas do tipo, jogadores com o biótipo
do Incrível Hulk. Não satisfeitos, acabamos de fazer e convocar um. Que
tragédia!
O Maneca, mais chegado ao lado
matemático do futebol, foi logo contando os dias que nos separam da Copa do
Mundo e disse:
- Papai Noel, só falta um ano e meio
para a Copa das Confederações e mais um ano para a Copa do Mundo. Estamos
atrasadíssimos em matéria de planejamento de ciclos de treinamento e a CBF, com
os Manos da vida, não sabe nada disso. E se sabe não vai fazer o que deve,
porque o negócio é faturar, pois a farra está para acabar.
O Arnaldo Santos, bom filho, bom
aluno e bom de bola, do alto da sua reconhecida educação, acenava para falar e
ninguém deixava, até que Papai Noel passou a palavra para o Arnaldo, já
levantando a bola do Microfone de Ouro.
- Agora quem vai falar é o Arnaldo
Santos que foi a seis copas e ninguém chama o caboclo para compor um comitê a
não ser o grupo do Peladão, que ele tira de letra, porque viveu e aprendeu nas
grandes competições. Arnaldo, embalado pela força de Saint Klaus, falou:
- Vou reunir com a ABRACE e pedir
para fazermos um movimento e tirar a cúpula da CBF. Isso que está aí não vai
fazer nada por serem de outro ramo que eu nem sei qual. Eu só quero fazer uma
pergunta:
- Por que encher de dinheiro a CBF
se até hoje nada vimos de ações corretas e concretas pelo bem do futebol
brasileiro? dão até loteria inteira em ano de Copa. Obrigado pela participação,
meu querido Papai Noel.
O Mário Cortez, genial no controle
das finanças, bateu com os dedos na mesa oca e pediu:
- Papai Noel, até agora está tudo
dentro do que a gente pode fazer, uma coisa me preocupa: se não investirem no
treinamento das equipes, vamos perder as duas competições, em casa, aí... aí a
coisa vai degringolar no nosso Brasil e um baita desemprego vai tomar
conta dos estádios bonitos e vazios que teremos. É uma situação que precisa de
muito estudo, planejamento e dinheiro. O que fizeram até agora, mostra que: não
existe uma coisa nem outra e o dinheirinho que deram deve ter ido para outra
finalidade.
Papai Noel ouviu a rena cantando
Jingle Bell e vendo que ia chegar atrasado em algumas casinhas da Zona Leste,
pegou o microfone e mandou:
- Agora só quem fala é o Patriarca
que está pra chorar por falta de espaço na Mesa Redonda. Limongi, boçal e gente
boa como ele só, muito alegre por Noel haver lembrado das peladas jogadas
quando ainda usavam calça curta e era goleiro no General Osório, mostrando
intimidade, falou:
- Papito, eu não estou vendo nada
para essa Copa do Mundo, até o Estádio Vivaldo Lima que eu construí, com tanto
esforço, tsunamisaram, e tentam fazer um outro que parece que vai ficar mais
quente que o Microondas Amadeu Teixeira. Eu ajudo no que quiserem mas estou com
saudade do Vivaldo Lima. Por que não fizeram do outro lado da ponte. Se a Arena
fosse feita do outro lado, a ponte serviria para alguma coisa fora algumas
lindas fotos. A nossa ponte só é bonita, mas por falta de planejamento,
parecendo a CBF, do outro lado dessa maravilha, não há infraestrutura e o
Governo Federal ainda quer fazer o PIA, Polo de Impostos do Amazonas. O
primeiro do Mundo, e que sofrerá com a difícil tarefa de exportar impostos com
incentivos para o Brasil e para o mundo. Se os chineses comprarem água e
tijolos com impostos, estaremos ricos.
Papai Noel balançando o saco, o sino
e a cabeça, parou de repente e disse para todos:
- Os brasileiros estão ficando cada
vez mais bobos. Eu sou Papai Noel, estou aqui para receber as cartinhas de
vocês com os pedidos para uma boa Copa do Mundo. Façam os pedidos para eu levar
para o Homem. Do jeito que está, só o Homem é que pode ajudar. Papai Noel
recebe as cartinhas para os presentes, mas quem ajuda nos milagres é o Chefe.
-Volto no ano que vem. Resolvam pelo
menos a escalação da Seleção de Ouro que o resto eu resolvo com o Chefe.
*Roberto Caminha Filho, economista, renova as esperanças brasileiras com Papai Noel
e com o Homem.
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