ARTIGOS

20.03.2013 - quara-feira



GOVERNO E FANTASIA

Por Flávio Roberto Bezerra Ferreia (frbferreira@ig.com.br) - Certo dia estava com a minha filha ainda pequena, caminhando pelo centro de São Paulo, quando a atenção dela foi fisgada por um aglomerado de pessoas. Ela me puxou pelo braço e nos aproximamos do grupo. Percebi que os transeuntes estavam diante de um ator performático, que, maquiado e devidamente fantasiado, permanecia absolutamente imóvel, como uma estátua representativa de divindade grega. A apresentação era tão convincente que minha filha perguntou o seguinte: “Pai, porque todos estão parados olhando essa estátua”? Nesse momento o artista fez um movimento brusco e assumiu outra posição, deixando a minha filha bem assustada. Eu a acalmei, explicando que ela não estava diante de uma estátua que se movia, mas sim, de um ator fazendo uma representação teatral de rua. Muito tempo passou desde então, até que recentemente esse fato aflorou de minha memória.

Estava lendo uma matéria a respeito da nova legislação que destina cotas nas universidades federais para estudantes que tiverem cursado todo o ensino médio em escolas públicas. No anúncio, o governo justifica a medida como necessária, e, até mesmo indispensável, pois nos vestibulares - devido a educação de baixa qualidade nos níveis fundamental e médio - os alunos provenientes de escolas públicas não estavam tendo condições de competir em pé de igualdade com aqueles egressos de escolas particulares, o que os afastava do ensino superior gratuito. A adoção do sistema de cotas seria, portanto, uma forma de praticar justiça social, além, é claro, de garantir melhor inclusão social. Muito se discutiu a respeito desse assunto, com acaloradas opiniões favoráveis e contrárias. Particularmente considero que não é a melhor forma de resolver o problema e, inclusive, nem será eficaz. Na realidade, sou de opinião que existe uma distorção na análise da questão, tendo em vista que o problema não é a dificuldade de acesso ao ensino superior para os alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Essa é uma mera consequência. O verdadeiro problema é a deficiência no ensino público básico, este sim, grande nódoa social, e que deve ser devidamente tratada. Ademais, não podemos esquecer que, como quase tudo na vida, o conhecimento segue etapas que não podem e nem devem ser suprimidas. Você precisa aprender bem as operações fundamentais da matemática (adição, subtração, multiplicação e divisão) antes de estudar frações e álgebra, que por sua vez darão elementos para estudar equações, até que tenha condições de aprender complexos cálculos, indispensáveis para exercício de inúmeras profissões de nível superior. Você aprende as regras gramaticais e a escrita, sem isso, será impossível se comunicar de maneira satisfatória, bem como será difícil uma adequada leitura e interpretação de textos, tornando inviável o desempenho satisfatório em qualquer disciplina. Ora, o sistema de cotas quebra essa regra fundamental, nivelando de maneira artificial o acesso ao ensino superior, para pessoas com nível de conhecimento insuficiente para ingresso de maneira natural. Entretanto, esse acesso facilitado, não garante que os cotistas consigam um desempenho satisfatório nos cursos universitários. Segundo dados da ONG Todos Pela Educação, em 2009 o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicou que nenhuma das séries avaliadas (5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio) possuía 35% dos alunos com aprendizado adequado, seja em língua portuguesa, seja em matemática. Em outras palavras, mais de 65% dos alunos não estavam plenamente habilitados em português e matemática, e teriam dificuldade para ler e interpretar textos mais longos, bem como para executar cálculos matemáticos mais complexos. Nessas condições, como serão formados, por exemplo, os nossos futuros médicos e engenheiros? O nosso grande avanço social se dará quando o governo corrigir o descompasso do ensino público. Essa sim, uma solução definitiva, justa e igualitária, uma vez que vai garantir que a totalidade dos alunos das escolas públicas, concorram ombro a ombro com os das escolas particulares, sem discriminação alguma, e em todos os campos, e não apenas no quesito universitário. Nessa hipótese estaremos realmente caminhando para atingir a verdadeira Justiça e Inclusão Social.

Infelizmente temo que essas políticas do governo, usem questões sociais apenas para encobrir e/ou justificar o aparelhamento estatal. Quem sabe o sistema de cotas tenha sido mera justificativa para a criação de uma espécie de secretaria vinculada ao Ministério da Educação, o que implicaria na necessidade de indicar um secretário e todo o pessoal de apoio, bem como dotar um orçamento especial para o programa. Fico preocupado, pois nessa hipótese, os cargos seriam “loteados” entre a base de apoio do governo e os partidos aliados, e a verba seria distribuída entre as universidades segundo critérios obscuros de alinhamento dos reitores com o poder central. Seria lamentável. Verdadeira inversão de valores, uma vez que os justos anseios do povo brasileiro seriam mero escudo para a adoção de políticas partidárias mesquinhas, quando o correto seria uma política dedicada aos interesses da população.

Aliás, o aparelhamento do Estado através da distribuição de cargos parece que é a tônica na administração pública. O caso do ex-deputado federal José Genoíno é paradigmático. Ele exerceu o último mandato político entre 2007 e 2010. Depois quase não se ouviu falar dele. Entretanto, por ocasião do julgamento e condenação na Ação Penal 470 (Mensalão), o Brasil tomou conhecimento que ele, sem mandato no legislativo federal, não estava desamparado pelo poder central, uma vez que exercia a função de “Assessor Especial da Defesa”, cargo de confiança e, portanto, de indicação política, vinculado ao Ministério da Defesa. Não se sabe bem a necessidade que o país tem no momento de possuir um “Assessor Especial da Defesa”, afinal não estamos sob ameaça territorial de nenhuma outra nação e/ou qualquer outro risco que justifique tal aparato especial. Também não são conhecidas as qualificações exigidas do ocupante do referido cargo e nem se o indicado as possuía. Parece que nada disso importa. O que interessa é encontrar - e, se necessário, criar - bons e prestigiosos cargos públicos para todos os amigos do poder. Por outro lado, na cidade de São Paulo, o prefeito eleito, ainda não empossado, já estabeleceu a criação de uma secretaria nova para promoção da igualdade racial. Ele vai entregar a pasta para um vereador da base que deu apoio durante a campanha política. Não há como negar a importância de ações visando uma melhor inclusão social de parcela da população, entretanto, algumas questões ficam em aberto: Será que atualmente já não existe uma secretaria municipal funcionando, com capacidade de executar os projetos de promoção de igualdade racial propostos pelo novo prefeito? O município de São Paulo está financeiramente preparado para suportar a criação dessa nova secretária sem comprometer o orçamento de outras secretarias, e sem afetar a qualidade de serviços atualmente ofertados pela prefeitura? O indicado tem capacidade administrativa para gerenciar a nova secretaria? Nada disso está claro, porém, confirma que a rotina do “você me ajuda na eleição e eu vou retribuir com cargos e verbas”, vigora em todas as esferas do poder político. Esse tipo de “política”, que privilegia basicamente o grupo governante e seus apoiadores, nos faz lembrar a definição de “Elite”, conforme exposta no Dicionário Michaelis: “Elite: sf. Palavra adotada em quase todas as línguas modernas, para significar o escol da sociedade, de um grupo, de uma classe; escol, nata”. O Brasil tem justo anseio por um governo do povo, pelo povo e para o povo, porém, o aparelhamento estatal indica justamente o contrário, ou seja, que o nosso governo é uma verdadeira elite, que antes de qualquer interesse público, prioriza em primeiro lugar os interesses particulares dos seus membros e apaniguados.

Por outro lado, é inegável que a elite que governa o país usa o patrimonialismo como forma de garantir a união do grupo e a manutenção do “status quo” da hierarquia de poder. Caso fosse feita uma auditoria em empresas públicas como a Petrobras, em agências reguladoras como a ANAC, ANATEL, ANEEL, ANS ou em órgãos do aparato estatal, como IBAMA, FUNAI e fundos de pensão estatais (Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) que possuem patrimônios bilionários, o que o povo brasileiro encontraria? Quantos cargos de indicação política, assessorias, consultorias, bem como outras formas de exercer tráfico de influência seriam detectados? E com relação ao uso da máquina pública em benefício pessoal dos membros da elite governante? Esse aparelhamento estatal é benéfico para a Nação Brasileira ou serve apenas aos interesses da elite que ocupa o poder? No caso de instituição de fomento, como por exemplo, o BNDES, o mesmo tem uma política transparente para concessão de empréstimos, ou é seletiva, privilegiando determinados grupos e/ou pessoas ligadas ao aparato estatal com uma espécie de “carta branca” de acesso ao cofre?

Além do patrimonialismo, a elite que nos governa também deixa claro um viés anti-republicano e antidemocrático. De fato, um dos pilares de uma república democrática é o da tripartição de poderes, que devem ser totalmente independentes e autônomos. Ora, quando o loteamento de cargos, indicações políticas, liberações de verbas e tantas outras manobras são utilizadas como forma de cooptar o apoio parlamentar, garantindo no congresso uma base aliada dócil e solícita aos interesses do executivo, você golpeia a estrutura republicana do país, e, é claro, a democracia nacional. Com um legislativo submisso, faltaria apenas e tão somente vencer a resistência do Poder Judiciário, para assumir totalmente e sem freios o completo domínio do Estado. O processo de controle do Judiciário poderia começar, por exemplo, através de asfixia econômica, gerando desestímulo e perda do quadro de pessoal, dificultando a prestação jurisdicional, o que “justificaria” a aplicação de medidas saneadoras, e, é claro, de caráter controlador pelo Executivo e Legislativo. Além disso, quando decisões judiciais afrontarem os interesses da elite governante, a base partidária poderia ser açulada em protestos contra o Judiciário, de maneira a exigir decisões em “sintonia” com o poder central.

É verdade que essas mazelas acompanham a nossa república deste sempre. O grande Rui Barbosa, que teve inegável papel na proclamação da república, ao final de sua brilhante carreira política demonstrou grande tristeza com o governo de sua época. Em memorável discurso proferido na tribuna no Senado declarou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Essa foi a obra da República nos últimos anos. No outro regime, o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam, e que, acesa no alto guardava as redondezas como um farol que se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade”.

Entretanto, não é porque essa política espúria se arrasta desde o início de nossa República, que devemos continuar omissos. Na verdade, acho que é hora de uma completa mudança de paradigma na forma governar. Será que no momento não existe nenhum homem público capaz de empunhar e elevar a bandeira da moralidade, contra essas políticas governamentais iníquas, atentatórias aos nossos princípios republicanos e democráticos? E o nosso Judiciário não vai clamar em defesa do respeito a nossa Constituição Federal e da nação brasileira? Onde estão o Ministério Público e a OAB, que tanto lutam em prol das instituições do país, e em especial, na defesa dos direitos e garantias individuais do povo brasileiro? Vão assistir silentes ao apagar das luzes de nossa república? Que falta nos faz um grande Rui Barbosa, bradando veementemente contra os desmandos daqueles que usam o poder político quase que exclusivamente em benefício próprio!

Não há como negar que, tal qual o artista performático de rua, a grande sacada dos nossos governantes é o uso de uma excelente fantasia simulando um governo voltando para o povo, de maneira a encobrir a sua verdadeira natureza elitista, patrimonialista, anti-republicana e antidemocrática, porém, ao contrário do ator que ao final do dia retira os trajes e a maquiagem mostrando para todos a sua verdadeira face, a nossa elite não quer largar a sua fantasia de governo.


 11.03.2013 - segunda-feira   

EM MEMÓRIA DE ELIZA
 
Por Ruth de Aquino, da revista ÉPOCA - É um tapa na cara das mulheres a punição de mentirinha imposta ao goleiro Bruno. Antes capitão adorado do Flamengo, hoje Bruno é mais um ídolo dos assassinos covardes e cínicos.

A condenação esperada para o homicídio, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio era de 28 a 30 anos de prisão. A sentença final, de 22 anos e três meses, seria condizente com o crime hediondo se fosse toda cumprida.

Mas a lei brasileira – ah, a lei... – pode deixar Bruno livre, leve e solto para churrascos e peladas daqui a menos de três anos. Quem sabe um contrato com um clube?

A confissão tardia reduziu a pena. O trabalho e o bom comportamento na cela livrarão Bruno do cárcere com pouco mais de 30 anos de idade. Ele, que deu festão no dia seguinte ao homicídio, posou de triste e acabrunhado para o país no julgamento desta semana.

Durante anos, repetiu que não havia crime: “Torço para que ela possa aparecer viva”. Agora, orientado pela defesa, confirmou que sabia de tudo: “Eu sabia e imaginava”. Bruno “imaginava” que a ex-amante e mãe de seu filho Bruninho seria sequestrada, enforcada, esquartejada e jogada aos cães?

A sentença foi proferida na madrugada do Dia Internacional da Mulher. Não sou fã de datas especiais para “minorias” – ainda mais porque somos maioria. Mas admito que o 8 de março seja um bom pretexto para examinar estatísticas globais de emprego, salário, jornada dupla e violência contra a mulher, como agressões, espancamentos, estupros e assassinatos.

MUDAR SEM MUDAR 

Por Ricardo Noblat - Começa amanhã a mais misteriosa das eleições que atrai de tempos em tempos a atenção do planeta. Dela emergirá um rei. É pouco chamar o papa de rei. 

Antigamente, o poder dos reis era absoluto. Hoje, eles reinam, mas não governam.


O papa reina e governa. Com uma diferença que ainda o torna mais poderoso: ele é infalível. Sempre está certo quando delibera e define algo em matéria de fé ou costumes.
 
Seu reino não se limita aos 0,44 quilômetros quadrados da Cidade do Vaticano, onde moram cerca de 800 pessoas. Estende-se a qualquer lugar onde viva um único dos 1,142 bilhão de católicos romanos dispostos a escutá-lo. E a seguir sua orientação.


O reino do papa é deste mundo, sim. Mas também não é. Está conectado a outro reino de onde sua força verdadeiramente emana. Questão de fé, meu caro. Elementar.

Se a eleição obedecesse à lógica dos números, o sucessor de Bento XVI seria um europeu. Porque o contingente de cardeais europeus é o maior. E seria italiano - pela mesma razão.

Bento XVI, o papa emérito, é alemão. João Paulo II era polonês. Para reforçar a ideia de que o reino do papa está ligado ao reino de Deus, a Igreja atribui a última palavra ao Espírito Santo.

Não é bem assim. "O Espírito Santo não escolhe o Papa. Não toma o controle do processo. Age como se fosse um bom educador, nos deixa muito espaço, sem jamais nos abandonar inteiramente", ensinou Joseph Ratzinger quando ainda não era Bento XVI.

"O Espírito Santo não vai ditar o nome do candidato em que se deve votar. Há muitos exemplos de papas que ele, obviamente, não teria escolhido". 
 
A Deus o que é de Deus. Aos 115 cardeais aptos a votarem, a tarefa que lhes cabe. E que a essa altura foi cumprida em parte.

Não se sabe - nem mesmo os próprios cardeais - qual deles acenará para a multidão reunida na praça de São Pedro depois que o aviso tiver sido dado: "Habemus Papam". Sabe-se, porém, que os cardeais tiveram tempo de sobra para traçar o perfil do futuro papa.

Bento XVI reinou por menos de oito anos. Dono de vasta cultura religiosa, era o mais importante teólogo da Igreja quando sucedeu a João Paulo II.

Foi um governante fraco, o que pouco teve a ver com seu estado de saúde. Não promoveu reformas. Acabou engolido pela Cúria, o aparelho administrativo da Igreja, minado por escândalos. Abdicou por lhe faltarem gosto e energia para exercer sua função.

Há mais de um ano, atentos à debilidade de Bento XVI, os cardeais discutem o que fazer com a Igreja diante dos desafios que ela enfrenta e das sucessivas crises que a atropelam.

Nada mais natural que tenham se perguntado: que tipo de papa necessitamos?

A discussão ganhou velocidade com a renuncia de Bento XVI e a chegada em massa dos cardeais a Roma. Tudo indica que este será um conclave sem candidatos favoritos.

Eugenio Pacelli entrou como favorito no conclave de 1939 e saiu como Pio XII. Paulo VI, também em 1963. Joseph Ratzinger, idem em 2005.

Os demais papas do século XX para cá viram suas eleições se desenharem quando estavam trancados e incomunicáveis na Capela Sistina. Ali ganharam nomes dois ou mais perfis de papa esboçados com antecedência. Um dos perfis finalmente se impôs. E ganhou um rosto.

Quase 70 dos 115 cardeais-eleitores devem a Bento XVI sua condição de príncipes da Igreja. Os demais, a João Paulo II.

O conclave será uma reunião de conservadores para entronizar um conservador simpático e talvez mais jovem. Pois os progressistas foram extintos há muito tempo. E os moderados, quase isso.

*Ricardo Noblat é jornalista.

06.03.2013 - quarta-feira 

DEPOIS DE MIM, DIZIA LUIZ XIV, O DILÚVIO


Por Luiz Felipe Lapreia - O fim de Chavez põe fim à novela de realismo mágico em que havia se transformado a questão de sua doença. Como a morte não tem ideologias nem interpretações políticas, o que pode ser dito agora é que Chavez deixa uma enorme emoção no povo venezuelano mas também um vazio que nenhum de seus seguidores poderá preencher a curto prazo,pelo menos.Todo líder autoritário e carismático passa todo o seu tempo no poder equilibrando diversas correntes mas reservando para si próprio a essência do poder e arbitragem final.Há na Venezuela uma comprovação desta lógica política.Certamente, Nicolas Maduro tem o privilégio da última vontade de Chavez e, por isso, será o candidato imbatível do chavismo nas eleições presidenciais que ocorrerão em trinta dias. A oposição nesse momento não poderá contrapor- se, com qualquer chance de vitória.

A médio prazo porém, a coesão do chavismo será duramente posta a prova pelas medidas de austeridade que o governo terá inevitavelmente que tomar em razão da situação precária da economia venezuelana.O pai do povo- Hugo Chavez - tudo podia.Seus sucessores não têm sua intransferível estatura e precisarão adotar políticas em nada compatíveis com a felicidade geral que o líder morto sempre prometeu, embora nunca tenha cumprido. A sociedade venezuelana acreditava nele, em boa parte por efeito já citado do realismo mágico latino americano.Acreditará nos herdeiros? Não é a mesma coisa, diria o Barão de Itararé. O que pode acontecer então é uma evolução que só os videntes podem decifrar. Mas a história ensina que, depois dos reis sol, como dizia Luiz XIV, resta o dilúvio.



*Luiz Felipe Lampreia foi ministro das Relações Exteriores no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2001).

26.02.2013 - terça-feira  

SEJA UM IDIOTA...

 Por Ailin Aleixo - A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre.
A vida já é um caos. Por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado?
Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes,separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota!

Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você.
Ignore o que o boçal do seu chefe disse.

Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele!
Milhares de casamentos acabaram não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice.

Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana?

Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo.

Você quer? Espero que não!

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Brincar é legal!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria.

Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

* Ailin Aleixo é jornalista.

A VIDA SEMPRE FOI BOA COMIGO! 

*Por Marcelos Ramos - As perdas e as dores me fizeram mais forte e destemido para enfrentar os desafios. Perdi meu pai aos 12 anos, minha filha aos 31, perdi coisas que me eram muito caras no caminhar desses quase 40 anos. Mas, olhando pra caminhada até aqui, ganhei tanto, que seria injusto e até desleal reclamar da vida. 

Como no poema de Thiago de Melo, todas as vezes que percebeu meu coração carregado de sombras, deu-me a vida luz necessária para continuar acreditando nas pessoas, no amor e na justiça. Deu-me mãe e irmãos maravilhosos, deu-me esposa e filhos que tanto amo, deu-me um trabalho que me realiza, deu-me saúde para cumprir minhas tarefas como homem público, como pai de família, como cidadão.

Pesando bem, fora os sonhos que ainda não realizei, nada me falta e são justamente esses sonhos que me faltam a energia necessária para caminhar.

É! A vida já fez muito por mim. Corrigiu meus caminhos quando estes me levavam a atalhos de vaidades e tentações. Deu-me lições – algumas bem dolorosas - de humildade, respeito ao próximo e valorização do amor. Desviou-me da escuridão que é a descrença e a desesperança, enchendo meu coração e minha alma de otimismo e crença na humanidade. Cercou-me de amores verdadeiros e solidários.

Hoje, sinto-me mais forte, mais capaz de enfrentar as sombras. Disposto para o trabalho, convicto dos meus ideais, tolerante para o necessário desafio de construir consensos na vida pública, mais maduro na minha relação familiar, saudável e disposto para cumprir minhas tarefas. Talvez isso tudo seja o que mais se aproxima do que o homem decidiu chamar de felicidade.

Estou chegando aos 40 anos de idade e 20 de militância política, cheio de entusiasmo, esperança, disposição, para cuidar dos meus amores, para valorizar meus amigos verdadeiros, para exercer meus deveres na vida pública.

Talvez isso explique porque quando li esse poema de Thiago de Melo, pude sentir cada palavra, como se fisicamente uma janela abrisse no meu peito e por ela entrasse o resplendor do orvalho, o fulgor das estrelas e o invisível arco-irís do amor.

A vida realmente sempre foi muito boa comigo! 

*Marcelo Ramos é deputado estadual do Amazonas pelo PSB.



24.02.2013 - domingo 

KARINE AGUIAR É SINÔNIMO DE TALENTO, BOM GOSTO E ALEGRIA!


*Por Alex Ximango - Sofisticação e simplicidade em uma harmonia fenomenal. Talento, bom gosto, alegria e boa companhia, esses são adjetivos muito presente na trajetória da artista Karine Aguiar. Essa é a impressão de quem de longe acompanha esta cantora que desponta no palco cult de Manaus. Ontem em seu show de aniversário no Fino da Bossa, ela inundou de simpatia a atenta plateia inebriada por sua grandeza artística.


Cercada por ‘monstros sagrados’ dos palcos da cidade como:Zeca Torres (Torrinho), Célio Cruz, Gil Valente e Gonzaga Blantez, Karine proporcionou uma noite inesquecível a quem foi prestigiá-la. 

Karine Aguiar durante apresentação no
bar Fino da Bossa (Foto: Alex Ximango)
 Sua música marcada pela forte presença do regional, ganha um tom de sofisticação e refinamento com aspectos de ritmos mais universais. Na parceria com seu tio, o grande Gonzaga Blantez, com quem compõe o Cordão do Marambaia, transita divinamente nos ritmos amazônicos diversos, do Gambá madeirense ao Marabaixo amapaense, da Guitarrada paraense ao Marambiré ximango. Uma ‘regionada’ fabulosa, síntese das bases culturais que nos dão cara.


Dada a qualidade artística que se apresenta aos palcos da cidade, bate uma profunda tristeza ao perceber que algo tão bom e de tamanho conteúdo artístico possa ser desprezado pelo ‘show business’, ou melhor, pelos detentores das pautas musicais comerciais. A desculpa que mais se ouve, é de que o povão não gosta desses ritmos. Ora, ninguém gosta do que não conhece.  

É dada a hora de se repensar as pautas culturais no circuito comercial, valorizando mais as manifestações alicerçadas em formação musical consistentes, envernizada com poesia e qualidade musical, em contrapartida aos “ritmos de plástico”, descartáveis, sazonais, que embalam nossa gente, enriquecem a poucos e “abestalham” a tantos.

Karine Aguiar, parabéns pelo trabalho e feliz aniversário!

*Alex Ximango é sociólogo.


20.02.2013 - quarta-feira  

O COMISSARIADO NÃO TOMA JEITO 

 *Por Elio Gaspari, O Globo - O PT tem dois ex-presidentes e um ex-tesoureiro condenados a penas em regime fechado e quer mudar o sistema eleitoral brasileiro para pior. A saber: José Dirceu deve dez anos e dez meses, José Genoino, seis anos e onze meses, e Delúbio Soares, oito anos e onze meses. Todos condenados por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal. Todos continuam no partido e Genoino, protegido pelo manto das prerrogativas do Legislativo, ocupa uma cadeira de deputado federal.

Quando o ex-governador Olivio Dutra teve a coragem de dizer que Genoino deveria renunciar, o deputado André Vargas (PT-PR) lembrou que quando ele “passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo”. Pela vontade de seu partido e a compreensão de seus pares, Vargas é o primeiro vice-presidente da Câmara. 

Os comissários blindaram-se na defesa de seus companheiros, todos condenados por práticas confessas. É direito deles. Quem esperava um sopro de interesse pela moralidade, perdeu seu tempo. Deu-se o contrário. Na melhor prática petista, decidiram “partir para cima”. Em vez de discutir a conduta de seus dirigentes, querem mudar de assunto. 

A proposta vem do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Ele sugere um “revide”. Levanta de novo a bandeira de uma reforma política que crie o financiamento público para as campanhas eleitorais e estabeleça o voto de lista para a escolha dos deputados e vereadores.

Pelo voto de lista os eleitores perdem o direito de escolher o candidato em quem votam. Pelo sistema atual, um cidadão de São Paulo votou em Delfim Netto e elegeu Michel Temer. É um sistema meio girafa, mas o eleitor sempre poderá lembrar que votou em Delfim.

Pelo voto de lista, os partidos organizam as listas, o cidadão vota na sigla e serão eleitos os primeiros nomes da preferência das caciquias. Se os companheiros do PMDB colocarem Temer em primeiro lugar e Delfim em 20º, não haverá força humana capaz de levá-lo à Câmara. A escolha deixa de ser do eleitor, que a vê transferida para partidos, por cujas direções passaram Genoino, Dirceu, Delúbio. Ou ainda Valdemar Costa Neto, presidente do PL, condenado a sete anos e dez meses de prisão, e Roberto Jefferson, do PTB, com sete anos e catorze dias.

O segundo pilar do “revide” é o financiamento público de campanha. Acaba-se com um sistema no qual os diretores de empresas usam dinheiro dos acionistas para investir em políticos e transfere-se a conta para a patuleia. Nesse sistema, por baixo, a Viúva gastaria R$ 1 bilhão para financiar candidatos.

Todas as maracutaias interpartidárias do mensalão deram-se ludibriando-se leis vigentes. Ganha uma passagem de ida a Cuba quem acredita que esse tipo de financiamento acabará com o caixa dois. Se o PT quer falar sério, pode defender uma drástica limitação das doações de pessoas jurídicas, deixando a Viúva em paz.

A proposta do “revide” é a síntese ideológica e fisiológica da mensalagem. Você paga e eles decidem quem irá para a Câmara. Eles, quem? José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, com um patrimônio de 41 anos e seis meses de cadeia, ou seus dignos sucessores. 



*Elio Gaspari é jornalista.

 18.02.2013 - segunda-feira 

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ!, POR EDILSON MARTINS


*Por Edilson Martins - O que tem a ver a renúncia do Papa Bento XVI com a de Jânio Quadros, demarcadas questões de tempo, espaço e contexto histórico?



Claro que a figura do Papa é realçada pela aura divina, aceita por todos os cristãos, o que não é bem o caso do ex-presidente do Brasil.



Jânio, que também perseguiu mais poder, sempre negou, mas a verdade é que seu gesto tinha ingredientes de busca de mais autoridade, voltando, quem sabe, nos braços do povo.

Nenhum anticristo imaginaria a mesma manobra por parte de Bento XVI. E, no entanto, a grande novidade em toda essa renúncia foi uma das declarações de Sua Santidade: a revisitação ao Concílio Vaticano II, que começou em 1962, e buscou atualizar a “Igreja como Povo de Deus”.

Dom Tomáz Balduíno costumava dizer que “esse Concílio rompe uma aliança histórica com a opressão, e estabelece uma aliança, pela primeira vez, com os oprimidos.”

O Concílio produziu a Teologia da Libertação e reuniu padres e bispos que se irmanam na defesa da gente dos grotões do país. Corriam os anos 60 e esses religiosos eram liderados por D. Hélder Câmera, Dom Tomaz Balduíno, Dom Moacir Grecchi e tantos outros.

E, entre eles, uma figura pequena, magra de fazer dó, filho da Catalunha, adentra o vale do Araguaia e vai se tornar símbolo dessa teologia - D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Felix do Araguaia.  

“Naqueles primeiros meses, de julho a outubro de 1968, ele já disse, chegavam a se registrar quatro, seis mortes de crianças por semana. Por serem tantas, e tamanha a pobreza, eram enterradas em caixinhas de papelão.”

Pois bem; esses religiosos não pagaram barato pela ousadia. Foram presos, torturados e assassinados. O padre João Burnier foi fuzilado com bala dum-dum, calibre 38, no interior da delegacia de Rio Bonito, na Prelazia de Dom Pedro Casaldáliga.

O soldado Ezy Feitosa, da PM de Mato-Grosso, que disparou o tiro, cuspiu duas vezes, sem pressa, e saiu pelos fundos do prédio.

Dom Pedro teve Burnier em seus braços, sentiu medo, era um recado que se lhe estava sendo dado, mas prosseguiu sua luta.

O Papa Bento XVI nunca alimentou nenhuma simpatia pelos desdobramentos desse Concílio, muito pelo contrário. Dom Pedro completou, dia 16, 85 anos.

Continua com sua fé inquebrantável em Cristo, e deve estar sorrindo, diante dos desdobramentos dessa renúncia, com aquele seu riso de permanente tolerância com os mistérios da alma humana, com as voltas que o mundo dá.  

*Edilson Martins é jornalista



16.02.2013 - sábado 

‘NÃO EM MEU NOME’ 


Por Fernando Gabeira - Mais de 1 milhão de pessoas assinaram um manifesto contra Renan Calheiros na presidência do Congresso Nacional. Movimentos como esse têm grande valor simbólico. Equivalem às manifestações modernas em que se protesta contra algo vergonhoso ou sanguinário com cartazes que dizem: “Não em meu nome”.

São bons para mostrar que o País não é homogêneo e que alguns governantes tomam atitudes francamente rejeitadas por milhares de seus conterrâneos.

Em termos internacionais, isso é a notícia. Calheiros passaria em branco se fosse apenas Calheiros com seu rebanho, notas frias, bela amante e um lobista de empreiteira para pagar suas contas. Mas é um presidente do Congresso rejeitado por milhões.

Uso o plural porque o manifesto tem pouco mais de uma semana de vida e muitos que rejeitam a presença dele ainda desconhecem sua existência ou ainda hesitam em manifestar sua rejeição.

O manifesto vai encontrar um poderoso muro de cinismo, com materiais impenetráveis, entre eles a crença da esquerda de que os meios justificam os fins. Essa camada é difícil de atravessar porque se mescla com uma vitimização geral.

Na Venezuela, Hugo Chávez tenta convencer as pessoas de que o capitalismo e o imperialismo são uma boa razão histórica para que um ato nobre não coincida com sua legalidade.

Os textos de Lenin autorizam essa interpretação. Não creio que o PMDB precise de alguma teoria, mas Calheiros mencionou os objetivos nacionais, aos quais a ética deve ser subordinada. Estrangularemos e saquearemos, pois, em nome dos objetivos nacionais, que não foram explicitados porque servem melhor assim, numa forma altamente abstrata.

Sarney disse, em seu discurso, que a paixão pela política e pelo bem comum é maior que a paixão pela vida. Em outras palavras, ele seria capaz de morrer pelo bem comum.

Imagens fora do lugar. Sarney poderia ter dito isso durante a ditadura militar, quando essa frase altissonante poderia ser posta à prova.

Sarney sabe muito bem que hoje, se quiser discutir questões de vida ou morte, deve falar com os médicos no Instituto do Coração ou outros especialistas que cuidam de sua saúde. Passou o tempo do heroísmo, porque, como dizia Brecht, o País já não necessita de heróis.

Outro componente do cinismo é supor que a maioria eleitoral dá direitos ilimitados aos ungidos pelo voto popular. Daí em diante é seguir em frente com a frase de Disraeli nos lábios: “Nunca se queixe, nunca se explique, nunca se desculpe”.

Há um amálgama de Maquiavel, Disraeli, Max Weber mal digerido, pois o sociólogo alemão considerava uma ética totalitária a pura expressão os meios justificam os fins. No fundo mesmo, a substância mais gelatinosa e agregadora da camada de cinismo é o desprezo até pela racionalização. Os fins são a riqueza pessoal, alguns imóveis em Miami, uma fazenda de gado.

Como dizia o poeta, os amigos não avisaram que havia uma revolução. E ela transformou tão radicalmente as relações que frases como a de Disraeli, preferidas como néctar da sabedoria política, se tornam cômicas e ingênuas.

Aos jovens de hoje basta dar alguns toques no computador para saberem, em minutos, tudo o que existe publicado sobre os políticos. Com uma câmera de US$ 400 é possível filmá-los com uma definição quatro vezes maior que o HD de seus televisores. O Congresso, em tempos como o nosso, está na vitrine, como aquelas mulheres do Distrito da Luz Vermelha, em Amsterdã.

Não estou comparando os políticos às prostitutas. Seria injusto para com certos políticos e prostitutas. Digo apenas que ambos estão expostos, elas física, eles virtualmente. Com a bunda de fora, muitos ainda não se deram conta de que estão na vitrine. Não pensam no futuro, na rejeição popular, nos problemas que trazem para suas próprias famílias.

Alguns deles, em breve, não poderão frequentar lugares públicos nas metrópoles brasileiras. Terão de viver uma realidade separada. Seus jatinhos decolam e aterrissam discretamente, seus percursos urbanos serão feitos de helicóptero.

Tornaram-se pássaros e vão flutuar na atmosfera por algum tempo, até que uma tempestade os jogue no chão enlameado.

Imagino o que pensam: nada disso nos derrota nas eleições, temos maioria. Prosseguiremos assim porque, com raros incidentes, sobrevivemos bem ao longo da década.

O que pode acontecer quando um Congresso se degrada ostensivamente em plena era da informação? A escolha de Calheiros e Alves para a direção das Casas do Congresso abre nova etapa, atenuada pelas festas do carnaval.

Já passamos por fases difíceis. Ouço algumas vozes de desespero. Mas a experiência mostrou que, nesses momentos, o importante é não desesperar, não jogar fora o Brasil com a água do banho. Pelo menos 1 milhão de pessoas pensam como nós sobre a escolha de Renan Calheiros. E elas dizem claramente com a assinatura do manifesto: não em meu nome.

Há um Brasil que resiste e nele há espaço e gente suficiente para não nos sentirmos sós e pacientemente encontrarmos uma saída para o impasse.

Alguns novos países, o nosso inclusive, talvez nem tivessem 1 milhão de pessoas quando iniciaram sua trajetória para a independência. Nem havia internet.

Os brasileiros fora do País, que são quase 2 milhões, também podem ser acionados e, de lá, contribuir na campanha contra Renan. Com tantas conexões e a inteligência coletiva em cena, impossível não encontrar os meios de abalar um jovem coronel incrustado no topo de uma instituição nacional.

É um problema novo que vai roubar tempo e energia, mas não a esperança. Vamos a ele, sem desânimo e, se possível, com algum humor.

Depois de eleito, Renan aparece numa foto, em Brasília, com uma espada apontada para seu pescoço. É apenas um efeito visual, desses que acontecem em solenidades militares. Do jeito que olhava a espada, imagino que comece a perceber a trapalhada em que se meteu. Precisamos ajudá-lo a compreender.

No tempo em que eu estava lá, fui o mais explícito possível: se entrega, Corisco.


VEM AÍ UM CONCLAVE INESQUECÍVEL   

Por Elio Gaspari, O Globo - Tudo o que se pode esperar da escolha do sucessor de Bento XVI é o fim de um Vaticano eurocêntrico. Desde que Karol Wojtyla tornou-se João Paulo II, a Europa é o centro das atenções da Cúria. O Papa polonês cumpriu uma fenomenal missão histórica ajudando a desmontar décadas de tolerância com as ditaduras comunistas.

Seu sucessor teve um pontificado medíocre enrolado pela tolerância com escândalos sexuais e financeiros de sacerdotes. Um deles passou de raspão pelo Brasil, num trambique do namorado da atriz Anne Hathaway, sócio do sobrinho do atual decano do Colégio de Cardeais, o poderoso ex-secretário de Estado Angelo Sodano. A moça micou em US$ 135 mil e o rapaz foi preso nos Estados Unidos.

As dificuldades do Vaticano com suas finanças são antigas. Foi Pio IX quem avisou: “Posso ser infalível, mas estou falido.” Já os desempenhos sexuais de alguns sacerdotes, mesmo sendo coisa antiga, tornaram-se uma encrenca recente, com a qual João Paulo II e Bento XVI nunca conseguiram lidar direito, envenenando a missão pastoral de dioceses europeias e americanas.

O eurocentrismo da Cúria Romana refletiu-se no Brasil. Durante o pontificado de Paulo VI, Pindorama passou de dois para oito cardeais. Hoje tem cinco. Bento XVI deixou sem o barrete cardinalício as arquidioceses do Rio e de Brasília. Porto Alegre teve cardeal e está sem. Recife, a primeira sé cardinalícia brasileira, está na segunda divisão desde os anos 60, quando a ditadura hostilizava D. Helder Câmara e não queria vê-lo cardeal.

Se foi econômico com os barretes brasileiros, Bento XVI foi generoso aspergindo-os pela Europa. Elevou a diocese de Valencia (800 mil habitantes), na Espanha, mas não confirmou o barrete de Porto Alegre (1,5 milhão de habitantes).

Quem especular o nome do sucessor de Ratzinger pode jogar cara ou coroa. Nos seis últimos conclaves elegeram-se três favoritos (Ratzinger, Paulo VI e Pio XII) e três azarões (João Paulo II, João Paulo I e João XXIII, um gorducho que mal cabia nas vestes preparadas pelos alfaiates que trabalharam durante o conclave.)

Pode-se esperar que, depois de um Papa saído da academia de teólogos e da burocracia de Roma, venha um pastor, como os dois João Paulo e João XXIII. Um administrador de diocese do Terceiro Mundo uniria o útil ao agradável.

É assim que entra nas listas, com um sopro romano, o cardeal de São Paulo, D. Odilo Scherer, pastor de uma das maiores arquidioceses do mundo.

Aos 63 anos, teria um longo pontificado. Ele tem uma característica anfíbia. É brasileiro, mas, como quatro outros cardeais brasileiros (Claudio Hummes, Paulo Evaristo Arns, Aloisio Lorscheider e Vicente Scherer, seu parente distante), descende da imigração alemã. A mola mestra da eleição dos dois últimos papas foi a capacidade de articulação da hierarquia alemã.

D. Odilo lidera a facção conservadora do clero brasileiro, derrotada na última eleição da CNBB e nas eleições gerais em que se meteu. Para consumo mundial, preenche o requisito de um Papa do Terceiro Mundo, condição só superável pela escolha de um africano como Francis Arinze, de Lagos. Mais que africano, Arinze tem 80 anos e passou 25 em Roma. Seria um Papa de transição.

Com uma eleição marcada para o fim de março e um Papa vivo, vem aí um conclave inesquecível.

Elio Gaspari é jornalista.

12.02.2013 - segunda-feira 

O ANIVERSÁRIO DO PT E O CASAMENTO DO ZECA COM A LU 

Esse aí à esquerda é o Zeca do PT com a sua amada Lucília,
por todos chamada carinhosamente de Lu, e outros
importantes membros do partido no Amazonas
(Foto: Ana Souza / Blog do Antônio Zacarias)
Por Alex Ximango - Anteontem (10.02.2013) foi um dia especial, foi o dia do aniversário do maior organismo de atuação política (intelectual coletivo para Gramsci) do Brasil – o PT, o partido ontem exatos 33 anos de fundação. Em 10.02 de 1980, no Colégio Sion em São Paulo, era apresentado ao Brasil o manifesto de fundação do Partido dos Trabalhadores, constituído com a maior parte dos grupos de esquerda do país e de forças político-sociais que travavam o embate pelo fim do regime ditatorial/militar de extrema direita.  

Zeca do PT e Lu aproveitaram o aniversário do partido
para comemorar também os 21 anos de união deles
(Foto: Ana Souza / Blog do Antônio Zacarias)
No dia de anontem, a convite do companheiro Zeca do PT, que casou a comemoração de aniversário do PT com sua data de aliança matrimonial com sua esposa, a companheira Lu, aproveitamos para relembrar esta data, já que as comemorações oficiais serão realizadas no início de março. Relembramos diversos momentos importantes de nossa caminhada. Oportunidade de rever diversos amigos que caminham conosco no rumo da construção de um mundo melhor.


Para ilustrar este momento eu transcrevo aqui, um editorial de Saul Leblon em Carta Maior, que nos ajuda a refletir sobre esse processo por que passou o PT neste 33 anos de existência.



20.01.2013 - domingo 

DEZ MANDAMENTOS PARA JORNALISTAS NO FACEBOOK E TWITTER 

Por Leonardo Sakamoto - Eu sei que a ideia de “mandamentos” pode soar um tanto quanto arrogante. Mas, vivendo em uma sociedade com forte influência cristã, não há nada melhor para chamar a atenção e, indiretamente, fomentar uma certa culpa em nós pecadores. Resgato um debate que já passou aqui por este blog, quando me referi particularmente ao Twitter.

Estou um tanto quanto indignado com o que ando lendo no Facebook, com boatos e porcarias circulando como fatos checados em forma de notícia, reproduzidos por uma população de mortos-vivos que não pensam, não questionam, nada – apenas compartilham. Nada de novo, mas não precisa ser assim. Dá para ter em mente alguns cuidados, que não exigem mais do que o uso de uma fila indiana de neurônios cansados, que poupariam muita dor de cabeça futura.

Bem, como já escrevi aqui, fico assustado com a quantidade de coisa mal checada e precipitada que circula pelas redes sociais, principalmente em momentos de grande comoção. Fofoca sempre existiu, mas agora é transmitida em massa e em tempo real. As plataformas digitais em redes sociais, principalmente o Facebook e o Twitter, ajudam a mudar o modo como nos comunicamos e fazemos fluir informação pela sociedade, alterando – consequentemente – as estruturas tradicionais de poder. Mas se elas ajudam a formar, também desinformam.

Tem sempre um pilantra distorcendo informação e divulgando-a, achando que está ajudando ou com o intuito de prejudicar. Ou aqueles que misturam realidade e desejo, fato e ficção, consciente ou inconscientemente.

Com o auxílio de alguns colegas jornalistas, fizemos uma lista com dez conselhos para quem assume a função de distribuir notícias nas redes sociais, seja jornalista profissional ou não, que agora eu atualizo. Alguns podem achar que estamos fazendo o jogo de X ou de Y com essas regrinhas que tolhem a liberdade, que o certo seria divulgar tudo e deixar os próprios internautas acusarem e desbancarem o que for mentira. Bem, prefiro acreditar que uma informação errônea ao ser divulgada pode causar um impacto negativo contrário maior do que sua intenção e, muitas vezes, o desmentido (por ser mais sem graça) não chega tão longe quando a denúncia. Antes eu achava que, com o tempo, a credibilidade de quem divulga sem checar tendia a ir para o ralo. Hoje, não. Creio que ele ou ela fará sucesso e se tornará uma webcelebridade.

Como já disse aqui anteriormente, acredito piamente que um diploma não faz um jornalista, mas sim o comprometimento e a ética que a pessoa assume ao exercer essa função.



Os Dez Mandamentos para Jornalista no Facebook e Twitter



1) Não divulgarás notícia sem antes checar a informação.



2) Não divulgarás notícias relevantes sem atribuir a elas fontes primárias de informação.



3) Tuítes e posts “apócrifos”, sem fonte clara, jamais serão aceitos como instrumento de checagem ou comprovação.



4) Não esquecerás que informação precede opinião.



5) Terás cuidado com o que atestas. Um “like” não é inofensivo.


6) Lembrarás que mais vale um tuíte ou post atrasado e bem checado que um rápido e mal apurado. E que um número grande de retuítes, compartilhamentos e “likes” não garante credibilidade.

7) Não matarás – sem antes checar o óbito.

8 ) Não se esquecerás da apuração in loco, por telefone e/ou por e-mail.

9) Não terás pudores de reconhecer, rapidamente e sem poréns, o erro em caso de divulgação ou encaminhamento de informação incorreta.

10) Na dúvida, não retuitarás, compartilharás ou darás “like” em coisa alguma. Pois, tu és responsável por aquilo que repassas e atestas. Ou seja, se der merda, você também é culpado.
 
 
10.01.2013 - quinta-feira 

 REI MORTO, REI POSTO

  *Por Jadir Augusto - Membros do grupo político que governa o Amazonas desde a década de oitenta veem com preocupação a suposta guerra de bastidores entre o governador Omar Aziz (PSD) e o senador Eduardo Braga (PMDB), com a possibilidade de um grande racha no grupo. 

Desde a última eleição municipal, quando o tucano Arthur Neto ressurgiu das cinzas e foi eleito prefeito, os rumores das desavenças entre Omar e Eduardo são cada vez maiores. Eduardo estaria descontente com algumas ações de governo de Omar, e Omar, por sua vez, já não tolera as intromissões do senador na sua administração. Vem de lnge a fama de Eduardo de ser difícil no trato com as pessoas e de querer agir como se ainda fosse governador. 

No final do ano passado, o governador começou a promover mudanças em seu secretariado, argumentando que precisa “oxigenar” o governo, ou seja, dar mais dinamismo à sua gestão.
Acontece que as mudanças atingiram secretários remanescentes do governo Braga – o que teria deixado o senador descontente, fato que acabou dando mais gás aos boateiros de plantão. 

Contudo, entendemos como normais tais mudanças. Omar é o governador. Tem de consolidar a sua marca no governo. Nada mais compreensível que construa um secretariado que tenha as suas feições, e que dê o dinamismo que deseja ao seu governo. 

Portando, as mudanças eram previsíveis e ocorrem no momento certo, contribuindo para o novo reordenamento das forças políticas que governam o Estado do Amazonas, além de observar a atual correlação de forças, preparando caminho para a construção das futuras alianças eleitorais, visando 2014. 

Assim, é bem apropriado o emprego da expressão que dá nome a este texto: “Rei morto, rei posto”. 

*Jadir Augusto é editor de política do BLOG DO ANTÔNIO ZACARIAS.



MINHA PRIMEIRA SÃO SILVESTRE

*Por Marcelo Ramos - A São Silvestre é uma corrida cheia de imagens. Não é uma prova pra correr. É uma prova pra sentir e ver.

Longe dos quenianos, tanzanianos, etíopes e brasileiros do pelotão de elite, um casal de paraibanos vestidos de sertanejos com um cartaz pedindo água pra Paraíba, uma mulher maravilha, um incrível Hulk, um mosquito da dengue, uma pai empurrando o carrinho de bebê com o filho dentro, muitos corintianos ainda embalados pela conquista do Mundial Interclubes, uma camisa falando “Corro da Corrupção, da Violência...”. Mas nenhuma imagem é mais marcante do que essa:  

              
A camisa que ele veste está escrito: Campeonato Brasileiro de Futebol para Amputados. Se já me emocionei ao vê-lo na prova, a emoção foi maior quando lembrei que em 2006 representei o Ministério do Esporte no Campeonato que ocorreu em Maringá. Há época escrevi um texto que se perdeu com um velho computador.

Lembrei daquele texto. Das emoções que experimentei lá em 2006. Quando fui destacado para ao Campeonato Brasileiro de Futebol para Amputados, imaginei lá chegar e encontrar amputados de mãos ou até braço, mas encontrei amputados de perna jogando futebol de muletas numa competição cheia de talento, alegria e que teve como campeã a seleção do Pará que viajara de Belém-PA a Maringá-PR em duas kombis.

É inacreditável pensar que um amputado de uma perna possa completar os 15km da prova com suas descidas e subidas. Na verdade, não o vi completar, mas duvido que alguém comece um desafio como esse para desistir no meio do caminho. Para um homem como esse, a palavra DESISTIR não existe. Só existe PERSISTIR, PERSEVERAR, ACREDITAR.

A vida é um conjunto de coisas e não deixa de ser vida quando perdemos uma dessas coisas. Seja uma pessoa amada, um bem, um trabalho ou mesmo uma perna. Quando perdemos alguma coisa, física ou emocionalmente muito importante pra nós, podemos desacreditar e desistir da vida ou aprender a dar muito mais valor às tantas coisas que sobraram.

Alguns afogam suas mágoas na bebida, nas drogas. Outros reencontram sentido pra vida na religião, nas letras, na caridade ou na atividade física.
A lição é decidir viver! Quantas pessoas passam na vida sem fazer nada que dê sentido a sua existência. Muitas vezes, gente assim acumula fortuna e quando chega ao final, olha pra trás e não consegue ver sequer o caminho que as levou ao destino de solidão e infelicidade.

 Esse corredor anônimo, antes de decidir correr, ele decidiu viver, ser feliz. Ninguém que desistiu da vida ou da felicidade dispõe-se a, com uma perna amputada, fazer uma prova de 15km.

São muitas as imagens da minha primeira São Silvestre. Mas fico com essa. A imagem da superação e do amor pela vida, traduzida na foto que acompanha esse texto e na poesia de Cora Coralina:
“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.”

Termino esse texto, que chega com um pouco de atraso, aproveitando mais uma vez Cora Coralina para desejar um FELIZ 2013!

"Fechei os olhos e pedi um favor ao vento: Leve tudo que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas... Daqui para frente levo apenas o que couber no bolso e no coração. "

*Marcelo Ramos é deputado estadual do Amazonas pelo PSB



PT, UM PARTIDO EM BUSCA DE UM DISCURSO 

Por Elio Gaspari - Parte da cúpula do PT se deu conta de que a defesa dos mensaleiros e a hostilidade diante das sentenças do Supremo Tribunal Federal vem custando caro ao partido. Está quebrando a cabeça para organizar um novo repertório, com administradores e ações capazes de construir uma imagem de gestores.

Nessa conta, ruínas como a Infraero são casos perdidos. Trata-se de achar algo novo. Se tudo der certo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, poderá ajudar o serviço de reconstrução. Falta transformar sua prosa em ação. (Uma das primeiras medidas de sua administração foi interditar as barracas de comércio de uma quadra de escola de samba. Felizmente recuou.)

Suspeita-se que o modelo de marquetagem pelo qual lançam-se projetos em cerimônias no Planalto está esgotado. Com ele, as iniciativas pirotécnicas destinadas a glorificar ministros que são candidatos a governos estaduais.

Se a busca for eficaz, brilharão estrelas de tocadores de projetos que já deram resultados.

Um bom início para essa mudança poderia ser a criação de um limite no tempo que cada comissário gasta falando mal dos outros e, sobretudo, dos meios de comunicação. Algo como 15 minutos por dia. Depois disso, deveriam ser obrigados a contar o que estão fazendo para melhorar o filme.

RISCO-CELEBRIDADE

O ano começou com a constatação de que é grande o risco de tratar empresários como celebridades. Risco maior, só o dos empresários que se fazem tratar como estrelas.

Eike Batista, o símbolo do milionário brasileiro do século 21, fechou o ano com o recorde mundial de perda de patrimônio (em papel): segundo a agência Bloomberg, ele vale US$ 10 bilhões menos do que valia no início de 2012.

Na outra ponta está Jorge Paulo Lemann, com seu proverbial horror à publicidade. O valor de mercado da Ambev cresceu 40,9%, chegando a US$ 129 bilhões.

CARVILLE, O SÁBIO

Os marqueses da oposição acreditam que os buracos dos aeroportos e das estradas serão um tema decisivo na eleição de 2014.

Por mais que esses serviços estejam em mau estado, vale lembrar que na campanha eleitoral de 1992 o marqueteiro James Carville, autor da frase "é a economia, estúpido", proibiu Bill Clinton de usar a palavra "infraestrutura".

INJUSTIÇA

Na semana passada, no texto onde se contava a história do recrutamento de órfãos cariocas nos anos 30 para a fazenda Cruzeiro do Sul, deixou a impressão de que o elegante Celso da Rocha Miranda tivesse algo a ver com aquilo.

A fazenda pertencia a Luis Rocha Miranda. Celso vivia no Rio de Janeiro e com sua mulher, Malu, encantava quem o conhecia. Lamentavelmente, por culpa do signatário, a referência às suas virtudes acabou, injustamente, metendo-o num mau momento de sua parentela.

EM TEMPO

Referindo-se ao trabalho, Arndt Krupp não disse que "era disso que eu precisava", mas o contrário: "Essa seria a última coisa de que eu precisava".

TURING, UM GÊNIO OFUSCADO PELO FOLCLORE

A editora da Universidade de Oxford acaba de publicar "Turing: Pioneer of the Information Age" (Turing: O Pioneiro da Era da Informação). É um bom livro, contando a história de um gênio que viveu num mundo emocionante e morreu num enredo de romance policial em 1954, aos 41 anos. Está na rede, em inglês, por R$ 23,63.

Em 1936, Alan Turing concebeu aquilo que chamou de "máquina universal". Era a ideia do computador, inicialmente chamado de "cérebro eletrônico".

Matemático genial, se não tivesse feito mais nada seria celebrado como um dos pais da vida moderna. Com o início da guerra, incorporou-se à tropa de ingleses que se dedicava a quebrar os códigos alemães. Era uma comunidade que trabalhava em segredo, na qual se juntavam físicos, engenheiros, malucos, militares e campeões de xadrez.

Seus 2.000 servidores não puderam contar o que faziam nem para a família. Nos anos 70, quando o véu foi levantado, algumas mulheres queixaram-se por não terem revelado o segredo aos maridos, que haviam morrido.

Turing foi decisivo para desvendar o código dos submarinos alemães que afundavam os comboios ingleses. Decifravam 84 mil mensagens a cada mês, influíram no resultado da batalha de El Alamein e na de Kursk, ajudando os russos.

Suspeita-se que Turing tenha colaborado na quebra dos códigos japoneses antes da batalha do Midway. Alguns historiadores estimam que esse trabalho encurtou a duração da Segunda Guerra em até dois anos. Exagero, a guerra terminaria em agosto de 1945, com uma bomba atômica caindo em Berlim.

Nesse mundo excêntrico, Turing conseguia ser esquisito. Com o tempo, atribuíram-lhe também a concepção do Colossus, o avô do computador que grampeava até as comunicações de ADOLPH9HITLER9FUEHRER (o "9" significava espaço na mensagem decifrada) e ajudou o sucesso do Dia D.

Para administradores, uma aula: quando faltaram recursos, um deles levou uma carta a Churchill. Não podia dizer aos secretários dele o que fazia nem o que queria. A carta chegou a sir Winston, e ele escreveu: "Ação. Para hoje."

Jack Copeland, o autor do livro é de longe o pesquisador que melhor estudou o trabalho dos criptógrafos ingleses e a vida de Turing. O Colossus não foi coisa dele e suas excentricidades acabaram abafando o gênio. Vestia-se mal, não falava, raramente ouvia e corria 30 quilômetros. Era tudo isso e mais homossexual, numa época que criminalizava essa preferência. Turing teve uma namorada, caso rápido.

O livro tem longos trechos onde Copeland explica as ideias e o trabalho do gênio. Dão trabalho, mas, com paciência, podem se tornar aulas fascinantes.

O fim da história é mais ou menos conhecido. Sua casa foi assaltada, ele foi à polícia e deu queixa. Como não mentia, contou que dormira com um rapaz. Foi processado por indecência. A Justiça mandou que escolhesse: cadeia ou tratamento hormonal castrativo. Dois anos depois, Turing foi encontrado morto em sua cama. Ao lado tinha uma maçã na qual teria injetado cianeto. Nessa época, estudava o crescimento dos tecidos vivos. Ele jamais falou da quebra dos códigos.

Diz a lenda que a maçã mordida teria inspirado a marca da Apple. É apenas lenda. Com bons argumentos, Copeland vai além: não se pode afirmar que Turing se matou. A maçã nunca foi examinada e ele fazia experiências em casa com cianeto. (Outro biógrafo sustenta que ele disfarçou o suicídio deliberadamente.)

Turing tornou-se um ícone da comunidade gay mundial. Em 2009, o primeiro-ministro Gordon Brown desculpou-se pelo sofrimento que lhe foi imposto e o companheiro Obama saudou-o como um dos grandes gênios do século 20. Atualmente corre na Inglaterra uma campanha para que o governo apague a condenação que lhe foi imposta. Nela está o físico Stephen Hawking.

Fonte: Folha.com



EM SUIÁ MISSU, APARTHEID PETISTA SUPERA O SUL-AFRICANO EM MALDADE 

*Por Leão Alves - O petismo é uma versão do verwoerdismo, a ideologia do apartheid sul-africano. Desde a derrota política e propagandística do nazismo, o racismo procurou novos caminhos para ser socialmente aceito. O verwoerdismo foi uma dessas: em vez do explícito discurso de ódio e de superioridade racial, o verwoerdismo tentou convencer a opinião pública sul-africana e mundial que seu objetivo estava firmado no respeito à diversidade das etnias e raças: em vez de se digladiarem ou “correrem o risco” de se homogeneizarem pela mestiçagem, raças e etnias seriam preservadas e viveriam como boas vizinhas.

A opinião pública mundial não foi convencida e muito menos a interna e os conflitos persistiram até o regime racista vir abaixo. O racismo, porém, não foi derrotado: em vez do rosto carrancudo do nazismo, colocou um lindo sorriso, abriu de novo o guarda-roupa da hipocrisia, tirou de lá o macacão cheio de cores do multiculturalismo e foi à rua, às academias, à mídia, aos parlamentos…

O petismo é uma dessas roupagens e a limpeza étnica que ocorre em Suiá Missu mostra como em nada este novo discurso racista é menos violento e pode mesmo ser superior em atos de maldade ao seu modelo sul-africano. Os mestiços – não há nada que um racista odeie mais do que mestiçagem – e demais brasileiros expulsos o foram sem qualquer manifestação de preocupação do governo Dilma Rousseff sobre qual seria o destino das crianças, das mulheres, dos idosos, dos demais nacionais. Simplesmente nenhuma manifestação de preocupação. Pelo contrário, o governo federal, sua mídia e grupos segregacionistas do país e estrangeiros que apoiam esta política procuraram apagar estas pessoas atrás de palavras como fazendeiros, agricultores, posseiros, etc.

No apartheid sul-africano, o governo racista reservava locais e moradias antes de preparar a expulsão de pretos, de mestiços, de indianos e de… brancos. Sim, brancos também eram expulsos: diferentemente do que muitos imaginam, tirar os brancos do meio de não brancos era fundamental para o apartheid sul-africano. Nas palavras de Hendrik Verwoerd, o arquiteto do apartheid:
“Na verdade, o centro da política de apartheid está em que, como o banto não precisa mais do Europeu, este tem de ser totalmente removido dos territórios nativos.”

“Além da remoção de focos negros  (e igualmente a desintrusão de focos brancos nas áreas nativas), a política de apartheid é…”

“Na verdade, o centro da política de apartheid está em que, como o banto não precisa mais do Europeu, este tem de ser totalmente removido dos territórios nativos.”

“Além da remoção de focos negros  (e igualmente a desintrusão de focos brancos nas áreas nativas), a política de apartheid é…”

Com este discurso de “valorização da diversidade”, o regime de apartheid sul-africano, além de bairros separados, criou territórios exclusivos para pretos e para mestiços assemelhados às atuais terras indígenas brasileiras, os chamados bantustões (homelands, na versão oficial).

A presidente Dilma Rousseff, porém, não teve sequer esta atitude dos racistas sul-africanos de preparar um lugar onde os expulsos deveriam ficar – o apartheid petista, superando-os em maldade, sequer preparou um lugar precário para as vítimas de sua limpeza étnica. Sua Fundação Nacional do Índio (FUNAI) – para quem não sabe, quem manda na Funai é a presidente da República, que manifesta a ideologia de seu partido, o PT – não hesitou em expulsar mestiços e outros brasileiros sem se importar se elas ficariam sob a chuva ou sob o Sol. Um jornal informa que a prefeitura do pequeno município de Alto Boa Vista está tentando fazer o que o governo federal, que se vangloria tanto de estar de bem com as contas, não manifestou interesse em realizar: um acolhimento para as famílias expulsas. O governo petista preferiu concentrar forças em intimidá-los à bala e à ameaça de prisão.

“Você é uma criança de colo? Não nos interessa: para nós você é um invasor! Você pode morrer? E daí? Este lugar não é para pessoas de sua raça, de sua etnia. Você é um intruso e estamos aqui para fazer a desintrusão. Você é brasileiro? E daí? Estamos defendendo valores superiores e conseguimos aprovar leis progressistas para assegurá-los. Estamos defendendo a diversidade…” – é esta, resumidamente, a ideologia embalada pelo ódio e por verbas públicas.

*Leão Alves é secretário geral do Nação Mestiça.

 

REI MIDAS

 *Por Marcelo Ramos - A despeito de ser um personagem da Mitologia grega, o Rei Midas realmente existiu. Rei da cidade de Frígia, seu túmulo foi encontrado em 1969, após escavações na Turquia no local onde ficava a capital de Frígia, por pesquisadores do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvania. 

Na atualidade, todos conhecem o Rei Midas pelo mito de que transformava em ouro tudo aquilo que tocava.

Relata a mitologia grega que certa vez Baco (deus do vinho) não encontrava seu mestre e pai de criação, Sileno. Sileno, já velho, andava bebendo e, caminhando a esmo, acabou se perdendo.
Sendo encontrado por camponeses, foi levado do seu rei, Midas que, reconhecendo-o tratou com cordialidade e muita alegria, mantendo-o na corte por 10 dias.


No décimo primeiro dia, levou Sileno, saudável e feliz, de volta para o seu pupilo Baco. Grato, Baco ofereceu a Midas que escolhesse qualquer recompensa que desejasse, qualquer uma.
Midas, então, pediu que rebesse como recompensa o poder de transformar em ouro tudo que tocasse.

Consternado, Baco atendeu ao pedido de Midas.

Após tocar em uma ramo de carvalho e uma pedra e vê-los transformado em ouro, Midas voltou ao palácio cheio de alegria. Então começou o terror ao perceber que a comida que levava a boca, transformada em ouro, não conseguia mastigá-la, o vinho que bebia descia como ouro derretido e até sua filha ao ser tocada por ele, em ouro se transformou.

Desesperado, Midas implorou a Baco que o libertasse daquele poder. Baco, deus bondoso, disse a Midas: ,´´mergulhas o que tocastes num rio,e os objetos em que tocaste voltarão a ser o que eram``. Assim cumpriu Midas. Com a água do Rio Pactolo colocada em um jarro de barro foi banhando todos os objetos e a sua prórpia filha devolvendo-os a natureza primitiva.

Resgato a mitologia para fazer um breve balanço da administração que se encerra do prefeito Amazonino Mendes.

Amazonino julgou-se Midas, mas quase tudo que tocou transformou em lama administrativa, política, moral e ética. Até quando tentou acertar errou. Pegou iniciativas necessárias para a reoganização da cidade e transformou-as em negociatas e maracutais, inviabilizando-as.

Falou em acabar com buracos, limpar a cidade e resolver os problemas de água e transporte coletivo em 100 dias. Acaba sua gestão tapando os buracos da cidade com cascalho e barro, deixando a cidade com lixo por toda a parte. Na água fez uma negociata que ainda não apresenta nenhum resultado, salvo para os agentes públicos e privados do negócio. No transporte coletivo, não avançou no BRT e nunca conseguiu ao menos definir uma política para o setor.

No camelodromo, obra tão necessária para a cidade, ignorou regras urbanisticas e transformou uma ação fundamental para o reordenamento do Centro Histórico de Manaus num negócio espúrio e fora da lei. Deu no que deu. Obra embargada por decisão da Justiça Federal e o Centro cada vez mais bagunçado.

Na Ponta Negra criou uma expectativa na população prometendo revitalizar o principal espaço público de lazer da cidade, mas entregou a obra para um empresa desqualificada. Vai terminar seu mandato sem concluir a revitalização e ainda respondendo pela morte de quase duas dezenas de banhistas, por conta de falhas no projeto.

Poderia falar de vários outros fracassos e negociatas com sérios prejuízos para o erário, mas a constatação de cada cidadão e de cada cidadã manauara dos retrocessos que a cidade viveu nos últimos quatro anos é muito mais forte que meus argumentos.

Talvez Amazonino pense que transformou muitas coisas em ouro pra si, mas como Midas vai perceber já no final da vida que esse desespero por ouro e riqueza é desgraça e não benção.

Termino esse artigo com uma lição de Mário Quintana que bem se aplica ao prefeito Amazonino.

No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas

que o vento não conseguiu levar...

*Marcelo Ramos é deputado estadual pelo PSB amazonense.




16.09.2012 - domingo
A GUERRA DA VEJA CONTRA O RETORNO DE LULA 
 
Foto: Instituto Lula

Por Marco Aurélio Weissheimer (http://www.cartamaior.com.br/) - Do ponto de vista político, a pauta da Veja, já devidamente abraçada pela oposição ao governo federal, parece ter um objetivo claramente definido. No momento em que Lula começa a voltar aos palanques, nas campanhas das eleições municipais, e em que o STF começará a julgar os réus do chamado “núcleo político do mensalão”, a tentativa é de colar uma coisa na outra. Colunistas políticos repercutiram amplamente supostas declarações de Marcos Valério. "Nada impede que uma denúncia seja feita contra Lula mais adiante", sugeriu Merval Pereira, de O Globo.


A revista Veja publicou neste final de semana mais uma de suas bombásticas “denúncias” contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Marcos Valério envolve Lula no mensalão”, diz a publicação. Quase que imediatamente, os colunistas políticos de sempre passaram a reproduzir a “informação” da revista. Cristiana Lôbo tuitou sábado à tarde: “Está instalada a polêmica sobre entrevista de Marcos Valério à Veja. Diz que Lula sabia e que PT deu garantias de punição branda por silêncio”. Detalhe: não havia nenhuma “entrevista de Marcos Valério” na revista. E a própria Veja dizia isso: a reportagem foi “feita com base em revelações de parentes, amigos e associados”.



O jornalista Ricardo Noblat foi outro que passou a tarde de sábado repercutindo a “denúncia” da revista. Ainda no sábado veio o desmentido do advogado de Valério: “O Marcos Valério não dá entrevistas desde 2005 e confirmou para mim hoje que não deu entrevista para a Veja e também não confirma o conteúdo da matéria”, disse Marcelo Leonardo. Noblat não seu deu por vencido e, pelo twitter, reclamou dos termos do desmentido: “O advogado de Valério diz que seu cliente não confirma as informações publicadas pela Veja. Por que não disse que Valério as desmente?”. Entusiasmado, o imortal Merval Pereira (O Globo) afirmou em um artigo intitulado “Valério acusa Lula”: “os estragos políticos são devastadores, e nada impede que uma denúncia seja feita contra Lula mais adiante”. Merval não mencionou o desmentido oficial do advogado de Valério.



A tese do “domínio final do fato”


A Folha de S.Paulo correu para dar voz a José Serra que classificou as “denúncias” como graves e defendeu a abertura de investigações. Merval Pereira, fazendo às vezes de jurista, manifestou esperança na tese do “domínio final do fato”, que levou o Procurador- geral Roberto Gurgel a acusar José Dirceu como “o chefe da quadrilha do mensalão”. O jornalista de O Globo escreveu: “Alguns ministros do Supremo deixaram escapar, no início do julgamento, que pela tese do domínio final do fato, se a cadeia de comando não terminasse no ex-ministro José Dirceu, teria forçosamente que subir um patamar e atingir o ex-presidente Lula”.

Já o colunista político Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo preferiu explorar as possíveis consequências políticas da matéria nas eleições municipais deste ano. Ele escreveu sábado em seu blog: “Do ponto de vista jurídico, o efeito pode ser nulo. O processo do mensalão está em fase de julgamento e não serão mais acrescentadas provas. Do ponto de vista político, a reportagem da revista Veja desta semana pode ter grande impacto na reta final das eleições municipais, sobretudo nas grandes cidades nas quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse direto, junto com o PT, em garantir vitórias para alavancar a sigla em 2014”.

Merval: “nada impede uma nova denúncia”

Mais uma vez, o circuito da “informação” funcionou e o assunto ganhou ampla repercussão pelos “formadores de opinião” de plantão. O funcionamento desse circuito é um tanto peculiar. Denúncias com base factual muito forte, como aquelas relacionadas às ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com a revista Veja, são solenemente ignoradas. Qualquer denúncia publicada pela revista Carta Capital recebe o mesmo tratamento silencioso. Mas qualquer denúncia da Veja é rapidamente repercutida. Os jornalistas citados acima sequer se dão ao trabalho de dar alguma justificativa para esse comportamento seletivo. Ele parece estar inserido, para usar a tese cara a Merval Pereira no “domínio final dos fatos”. Mas essas observações, é claro, são carregadas de uma certa ingenuidade. Não há razões para supresas nem espantos quanto ao funcionamento desse mecanismo de repercussões.

O artigo de Merval Pereira não deixa nenhuma dúvida sobre o que seria esse “domínio final dos fatos”, ou melhor, quem seria: Luiz Inácio Lula da Silva. O site Brasil 247 afirmou, na tarde de domingo, em texto intitulado “Globo antecipa próxima etapa do golpe contra Lula”: “No seu artigo deste domingo, Merval Pereira toma como verdade a “entrevista” de Veja com Marcos Valério, já negada pelo publicitário, e avisa: ‘Nada impede que uma nova denúncia seja feita mais adiante’. Ou seja: com alguns companheiros condenados e outros presos, Lula terá uma espada no pescoço”. Em outra matéria (“Civita deflagra operação para colocar Lula na cadeia”), o Brasil 247 sustentou que o objetivo da Veja é transformar Lula em réu no STF e impedir que ele volte à concorrer à Presidência da República.

Cristiana Lôbo pede explicações a Noblat

No início da noite de domingo, Cristiana Lôbo pediu a Ricardo Noblat, mais uma vez pelo twitter, para que ele explicasse em que pé estava o assunto: “Passei o fim de semana em Goiânia e não entendo mais a polêmica sobre a não entrevista de M. Valério. Você pode me explicar @BlogdoNoblat ?” E Noblat explicou do seguinte modo (em três tuitadas sucessivas), introduzindo uma novidade, a existência de uma suposta gravação com Marcos Valério: “Veja entrevistou Valério. O advogado dele foi contra. Combinou-se de apresentar a entrevista como conversas de Valério com outras pessoas. E assim saiu a matéria. Ocorre que o advogado de Valério desmentiu que ele tivesse dito o que a Veja publicou. Aí ficou parecendo que a Veja teria inventado coisas e atribuído a Valério. Por isso a direção da revista decide se divulga a fita”.

Do ponto de vista político, a pauta da Veja, já devidamente abraçada pela oposição ao governo Dilma, parece ter um objetivo muito claramente definido. No momento em que Lula começa a voltar aos palanques, nas campanhas das eleições municipais, e em que o STF começará a julgar os réus do chamado “núcleo político do mensalão”, a tentativa é de colar uma coisa na outra. No final da noite de domingo, o Brasil 247 publicou a seguinte síntese sobre o caso, deixando um conselho para o ex-presidente Lula: “No momento em que retorna aos palanques, Lula é alvo de uma tentativa de golpe preventivo. O recado que os opositores transmitem é: “se voltar levará chumbo”. Diante do ataque organizado, o ex-presidente só tem uma alternativa, que é lutar para não ser devorado pelos adversários”.

Um comentário:

  1. Parabéns a este blog por ter postado este documento com vetos do ex-prefeito Serafim Corrêa a um PL que visava proteger os caboclos de Manaus contra discriminações racistas e promover a cultura cabocla.

    O então governador em exercício, Omar Aziz, sancionou na íntegra a lei estadual do Dia do Caboclo onde havia artigos similares aos vetados por Serafim Corrêa.

    Destaco o trecho do veto de Serafim, "imprescindível que a sociedade civil representada demonstre reconhecimento público e consciência cívica de sua existência, sob pena da participação destes representantes exercerem função meramente simbólica e decorativa.

    "Não existe pertinência em assegurar a participação de representantes dos caboclos em Conselhos municipais, pois tal categoria não possui o reconhecimento público necessário."

    Resta agora a nós caboclos perguntarmos: o Serafim Corrêa existe?

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