sábado, 16 de outubro de 2010
HOMOSSEXUAIS CRITICAM DILMA E SERRA POR CAUSA DE DEBATE RELIGIOSO
A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) divulgou ontem, sexta-feira, uma carta na qual critica os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) por conta da pauta religiosa que domina o debate na segundo turno.
"Não é aceitável que o preconceito, o machismo e a homofobia sejam estimulados por discursos de alguns grupos fundamentalistas e ganhem espaço privilegiado em plena campanha presidencial", afirma a associação, que diz reunir 237 entidades.
O grupo lembra que o Estado brasileiro é laico. "O avanço da democracia brasileira é que tem nos permitido pautar, nos últimos anos, os direitos civis dos homossexuais e combater a homofobia."
Para a associação, é preocupante o uso da fé para influir no resultado das eleições.
"Nos últimos dias, ficou clara a inescrupulosa disposição de determinados grupos conservadores da sociedade a disseminar o ódio na política em nome de supostos valores religiosos."
A carta cita projetos de combate à homofobia que Serra participou como ministro, prefeito e governador de São Paulo e Dilma como ministra.
"Candidatos, não maculem suas biografias e trajetórias. Não neguem seu passado de luta contra o obscurantismo", diz a carta.
Pressionada pelos segmentos religiosos, Dilma assinou na sexta-feira uma carta em que afirma ser "pessoalmente contra o aborto".
O documento não cita diretamente a polêmica em torno da união civil entre homossexuais.
No entanto, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o "texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão". O temor dos cristãos é que o projeto impeça sermões e pregações contra homossexuais.
Já Serra afirmou ontem que é a favor da união civil das pessoas do mesmo sexo. No entanto, disse que o casamento é uma questão ligada à religião.
"Acho que a questão do casamento propriamente dito está ligada às igrejas. A união em torno dos direitos civis já existe, inclusive, na prática, no Judiciário. Eu sou a favor do efeito do direito. Outra coisa é o casamento, que tem o componente religioso. Cabe a igreja decidir sua posição", afirmou o tucano.
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