Por Arthur Virgílio Neto - Falamos ontem na desmedida potência militar que os Estados Unidos representam e na necessidade de o Brasil reaparelhar Exército, Marinha e Aeronáutica, de modo a se tornar efetivamente capaz de proteger seu povo, seu território e, dentro deste, muito especialmente a Amazônia. Insisto em que não temos, felizmente, vocação imperial, mas que, nem por isso, poderemos permanecer indefesos diante de eventuais ataques externos.
Lembro-me da patacoada que a última ditadura argentina patrocinou. Ditador que chegara ao pico da impopularidade, o general Leopoldo Galtieri resolveu unir a Nação em torno da chamada Guerra das Malvinas, contra a poderosa Inglaterra.
O sentimento nacional se inflamou. As pesquisas de opinião passaram a mostrar um Galtieri popularíssimo. Os argentinos passaram a se achar capazes de impor fragorosa derrota ao gigante britânico.
Quando o encouraçado Belgrano saía do cais de Buenos Aires, a cidade inteira estava lá, as bandeiras e os lenços tremulando ao vento. Mais do que euforia, aquilo era mesmo um brutal delírio.
E o Belgrano singrou as águas cheio de pompa, até que, informado por satélite americano, um torpedeiro o localizou e, com um só disparo, afundou-o cirúrgica e impiedosamente. Foi verdadeiro anticlímax.
Nas Malvinas propriamente ditas, soldados ingleses adestrados e acostumados ao combate, armados do que havia de mais eficaz à época, ainda por cima vestiam roupas leves, porém térmicas, diante de inimigos inexperientes, trajando roupas pesadas que protegiam pouco do frio, armados como se estivessem na Segunda Grande Guerra. Aviões ingleses pousavam na neve, capazes que eram de descer e decolar praticamente sem pista nenhuma. Foi um morticínio.
Grupos de elite encontravam 10 ou 12 argentinos dormindo e, menos interessados em matar do que em fazer guerra psicológica, degolavam três ou quatro, para que os sobreviventes, ao acordar, se deparassem com a cena dantesca e se desarvorassem por inteiro. A debandada foi geral.
Perdida a guerra, a ditadura definhou de vez, caiu e o velho caudilho Juan Perón, sem sair da Espanha, elegeu presidente da República seu preposto Hector Campora, que renunciou para que novas eleições se processassem e o peronismo pudesse eleger a segunda esposa do líder, Isabela Martinez de Perón.
A palermice de Leopoldo Galtieri custou muito à Argentina. Custou a possibilidade de edificação de um projeto de país. Custou, por exemplo, diante de fiscais americanos e ingleses, o país do tango e do futebol bonito ter sido obrigado a destruir armas e equipamentos militares.
A ditadura argentina foi colher lã e saiu tosquiada.
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