*Por Valdo Cruz - Dilma saiu para um período de férias ordenando sua equipe a não falar sobre reforma ministerial e, ao voltar para o batente, pelo menos nestes primeiros dias de janeiro, também não vai dedicar muito tempo ao tema. Afinal, as tragédias das chuvas estão absorvendo boa parte de sua agenda.
Em outras palavras, por enquanto, a maior parte das informações sobre reforma ministerial continua sendo divulgada por gente que pertence, segundo costuma dizer a presidente, não ao "primeiro, segundo ou terceiro escalão, mas ao rabogésimo escalão".
O fato é que Dilma, quando decidir tratar definitivamente do assunto, deve não só mudar nomes de sua equipe, mas buscar redefinir funções de seu ministério.
Na avaliação de um assessor de primeiro escalão, não de rabogésimo escalão, a presidente terminou 2011 preocupada com o ritmo de seu governo e com o desempenho de algumas pastas no seu primeiro ano de mandato.
Tanto que, ainda no ano passado, ela deu uma determinação à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Encarnar, de vez, o papel de cobradora implacável do andamento dos programas de seu governo. Algo que ela, Dilma, fazia durante o governo Lula.
Em conversas com dois ministros ainda no passado, colhi a avaliação de que eles já haviam notado mudanças no estilo de Gleisi. Depois de um início mais conciliador, a ministra da Casa Civil passou a ser mais dura nas cobranças durante as reuniões com colegas da Esplanada. Bem ao gosto da presidente.
Dilma ficou particularmente decepcionada com o desempenho de ministérios responsáveis por obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), como o dos Transportes e o das Cidades.
No caso dos Transportes, a crise envolvendo o ex-ministro Alfredo Nascimento, que provocou uma reformulação completa na equipe da pasta, fez o ministério ficar travado durante boa parte do ano passado. No das Cidades, o governo avalia que o ministro Mario Negromonte não deu conta do recado.
A presidente, por sinal, deve, sim, reavaliar como o PAC está sendo conduzido. Na avaliação do Palácio do Planalto, não por falta de competência, mas por excesso de funções, Miriam Belchior não conseguiu colocar o plano no ritmo desejável pelo governo. Além disso, lembra um assessor, uma ministra do Planejamento não tem a mesma liberdade para cobrar outros colegas como tinha Dilma na época da Casa Civil.
Em favor de Miriam Belchior, é bom destacar, o PAC não tinha muito como deslanchar num ano de forte ajuste fiscal. Seja como for, Dilma quer acelerar os investimentos federais e acredita que parte importante do processo está na gestão dos programas e na aplicação dos recursos disponíveis.
Enfim, enquanto a presidente quer melhorar o ritmo de seu governo ao tratar de reforma ministerial, seus aliados estão é preocupados com o risco de perderem espaço na reformatação da equipe. Ao final do processo, diz um assessor próximo a Dilma, o alcance das mudanças, em termos de nomes, pode frustrar muita gente. Já a reformulação de funções pode ter uma dimensão bem maior. A conferir.
*Valdo Cruz é repórter especial do jornal Folha de S.Paulo e colunista da Folha.com.
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