Não é à toa que o povo do Amazonas costuma olhar de soslaio para os magistrados amazonenses. Esse quadro ganhou contornos ainda mais preocupantes esta semana, quando emergiu a notícia de que o Tribunal de Justiça do Amazonas acobertara durante 7 anos patifarias do juiz Wellington José de Araújo.
Acusado de se apropriar de dinheiro depositado pela Prefeitura de Manaus na 2ª Vara da Fazenda Pública Estadual, onde atuava, Wellington chegou a ser afastado de suas funções assim que a denúncia veio à tona. O afastamento, que deveria ser mantido até a conclusão das investigações, foi rápido, como rápido foi o interesse do Tribunal de Justiça em ver o caso esclarecido.
Numa eloquente demonstração de corporativismo, o Conselho da Magistratura do Amazonas decidiu, à unanimidade, manter a raposa no galinheiro, por assim dizer. Era 27 de fevereiro de 2004. Nessa época, também pesava contra Wellington Araújo a denúncia de que ele tentara extorquir R$ 100 mil dos advogados José Alfredo Andrade e Jurandir Toledo, num processo envolvendo a desapropriação de um terreno.
Wellington nega as duas acusações até hoje. Sobre o dinheiro (dinheiro do contribuinte, ressalte-se), cujo montante não foi revelado, Sua Excelência disse, em depoimento, que a culpa era do mordomo, digo, do escrivão que o auxiliava, Antônio Carlos Barroso da Silva. Deprimido, Antônio morreu meses depois. Morreu jurando inocência.
No último dia 22, quando o caso parecia repousar nos cálidos braços da impunidade, a despeito do olhar vigilante e inibidor do Conselho Nacional de Justiça, não mais que de repente o Pleno do Tribunal de Justiça decide instaurar Processo Administrativo Disciplinar em desfavor do juiz, hoje atuando na 18ª Vara Cível de Acidentes do Trabalho. Inexplicavelmente, votaram contra a abertura do processo os desembargadores Ari Jorge Moutinho da Costa, Yedo Simões de Oliveira e Aristóteles Lima Thury.
Em razão do voto contrário desses três honrados caracteres do Poder Judiciário do Amazonas, data vênia, cumpre perguntar: eles, sobretudo o desembargador Aristóteles Lima Thury, agiriam da mesma forma se o acusado fosse um cidadão comum? É óbvio, é evidente, é cristalino, é patente, é flagrante que não. Quantos cidadãos comuns esses três ilustres magistrados já não mandaram para os calabouços de Manaus baseados em simples depoimentos acusatórios?! Thury é o mais implacável deles. Escreveu, não leu, e mesmo que escreva e leia, ele manda para a cadeia do mesmo jeito. Por que então foi benevolente com Wellington? A resposta é sua, perspicaz internauta.
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ResponderExcluirParabéns, mestre Antônio Zacarias, pela matéria corajosa e autêntica, e muito bem escrita. Português de primeira. Por causa de coisas como essas que o senhor relata na matéria é que a nossa Justiça está tão desacreditada. É venda de sentenças, juiz acusado de formação de quadrilha e falsidade ideológica, ex-corregedor aposentado compulsoriamente por cometer falcatruas. Que moral esse pessoal tem para julgar quem quer que seja?
ResponderExcluirConcordo com o Dorval. Quem moral esse pessoal tem para nos julgar?
ResponderExcluirCara, eu ainda não conhecia esse Blog, é o bicho, um amigo que me disse: Mário Jorge, tem um blog novo aqui em Manaus que só fala a verdade, e o blogueiro ainda é professor de português, ensina a escrever legal. Que barato, brother!
ResponderExcluirFico triste quando leio uma notícia como essa. Nosso Judiciário parece que está doente e precisa de tratamento urgentemente.
ResponderExcluirCaro advogado que tá mais do que queimado na Justiça Eleitoral: vc tentou achacar o dito juiz e não conseguiu. Agora está armando pra cima dele, né mano? Será q é pq ele será o proximo juiz eleitoral no lugar do elcy?
ResponderExcluirEstamos de olho!
Triste de se ver, deveras vergonhoso, verdadeiramente esta não é a postura de se espera de membros de nossa alta corte, já não bastam os altos salários, as ajudas de custo, as altas diárias, as mordomias que usufruem em razão de seu alto cargo, mesmo assim ainda metem a mão no dinheiro público, é no mínimo uma falta de carater e quem compactua com ele, ou o defende, como no caso de seus três colegas citados na matéria, tem mesmo é que repensar seus posicionamentos, ou será, que são farinha do mesmo saco.
ResponderExcluirConhecia o Carlão estive com ele no Check Up (Hospital) alguns dias antes da morte dele, ele disse que ía se fuder mas levava esse filho da puta (Wellington) com ele, pois ele tinha os comprovantes dos extratos dos cartões de créditos do juiz/bandido pagos por ele (Carlão) e que o filho da puta (palavras do Carlão) gastava como um doido, que a vara tava uma veradadeira putaria, o juiz fazia uso de todo o dinheiro depositado em juízo.
ResponderExcluirE aos que não sabem depois do Dr. Sabino que agora assume no lugar do Jovaldo ele (Wellignton) é o mais antigo, fica com um pé para ser desembargador do TJ.
Suprimimos o primeiro comentário, a pedido do autor. Não há censura a comentário neste sítio, mesmo que ofensivo ao administrador.
ResponderExcluirMestre Zacarias,
ResponderExcluirGostaria muito de conhecer o senhor pessoalmente, admiro muito sua postura, sua sensatez.