terça-feira, 1 de junho de 2010

TUDO INDICA QUE FILHO DO DONO DO CAFÉ DO NORTE SERÁ JULGADO DE NOVO, CONTRARIANDO A CRENÇA DE QUE PRISÃO FOI FEITA PARA PRETO, POBRE E PUTA

Alguém já disse que no Brasil a cadeia foi feita para preto, pobre e puta. E disse acertadamente, porque tem sido assim desde que aportaram nessas terras os primeiros colonizadores portugueses. De algum tempo para cá, é bem verdade, houve mudanças qualitativas, embora de quando em vez surjam exemplos que nos fazem pensar que nada efetivamente mudou.

Um desses exemplos emergiu recentemente em Manaus, quando o promotor de Justiça Davi Jerônimo, numa atitude absolutamente incomum na história do Ministério Público, pediu ao júri a absolvição do empresário Jefferson Kennedy da Silva Moraes, filho do dono do Café do Norte, apesar de várias testemunhas não terem deixado dúvidas de que foi ele o autor do disparo que matou o técnico em eletrônica Mário Jorge Alves Amâncio, em 22 de outubro de 2007, durante a Feira Agropecuária.

A conduta de Davi Jerônimo foi tão inusitada, que logo o Tribunal de Justiça anulou o “julgamento” de Jefferson, que recorreu da decisão. Firme, justo, o Tribunal negou esta semana provimento ao recurso. Indignada com o comportamento de Davi Jerônimo, a mãe do rapaz morto, Maria Regina Alves, o denunciou ao Conselho Nacional do Ministério Público. Fez a mesma coisa com o promotor afastado Walber Nascimento, que também atuou no processo. David e Walber pareciam até advogados de defesa do réu.

A benevolência de Davi Jerônimo com gente endinheirada não para por aí. Não faz muito tempo, ele deu parecer contrário à prisão preventiva do empresário Leandro Guerreiro, que matou covardemente, em dezembro do ano passado, o policial civil Raylen Caldas Gomes. Se fosse Raylen que tivesse matado o empresário, ainda que em legítima defesa, certamente ele estaria apodrecendo em alguma cela fétida.

3 comentários:

  1. Um tempo atrás um desembargador ficou indignado quando um deputado disse que recebiam dinheiro para dar sentenças favoráveis.Na delegacia onde trabalho (interior)presos são soltos tão rapidamente que nem dá tempo de aprender o nome deles.O juiz da comarca nega o alvará de soltura mas ele chega rapidamente, de Manaus, ás vezes até por fax.Se rola propina não posso afirmar mas que é estranho isso é.

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  2. acompanhei o processo como curioso, e pode verificar que somente uma testemunha afirma que o acusado foi que efetuou o disparo as demais testemunhas, sendo que há policiais militares que afirmam que a arma fora apreendida com terceira pessoa, além de ter testemunhas da acusação que afirmam que fora outra pessoa quem deu o tiro, assim tenho que discordar do teor da materia pois acho que o julgamento foi justo e imparcial. A absolvição de uma pessoa rica não importa sempre em corrupção, se fosse assim a simples prisão de alguém com dinehiro já seria o suficiente para sua condenção, contrariando toda a sistemática processual e as garantias constitucionais.

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  3. Cada um: "somente uma testemunha afirma que o acusado foi que efetuou o disparo", ora bolas, e o Dr. Jerônimo pediu a desistência do julgamento das testemunhas-chave para o processo, estranho, muito estranho. Não se trata da "absolvição de uma pessoa rica", e sim, ausência de um processo penal válido, subtraindo do Júri elementos essenciais para sua convicção. Ainda bem que esse playbozinho safado vai ser julgado novamente, nem tudo está perdido.

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