ALFREDO NASCIMENTO FOI QUEM MANDOU BRAZ SILVA DISTRIBUIR CAMISETAS COM BAIXARIA CONTRA OMAR AZIZ

Por Antônio Zacarias – Deixei para abordar o assunto somente hoje, não obstante sua grande repercussão. A notícia pura e simples nunca foi o meu forte. Sempre fui fascinado pelo jornalismo investigativo, cujo fundamento é a busca incessante da verdade. Somente ele nos permite acessar informações que, mesmo sendo fundamentais para a compreensão de um determinado fato, geralmente são mantidas em segredo, na maioria das vezes por razões que a própria razão desconhece. A notícia pura e simples não oferece ao leitor (ou telespectador, ou ouvinte, conforme o tipo de veículo de comunicação) todos os elementos de que ele precisa para formar uma opinião isenta de falha.

Convicto disso, pedi ao repórter Édi Prado que investigasse se o candidato a governador pela coligação “Amazonas melhor para todos”, Alfredo Nascimento, e seu lugar-tenente, o deputado estadual Sabá Reis, tinham algum envolvimento com a distribuição ilegal de camisetas pelo ex-vereador Braz Silva, preso em flagrante pela Polícia Federal no último dia 3, dentro do prédio da Rádio Rio Mar, pertencente à Arquidiocese de Manaus.

Acompanhe o que apurou Édi Prado:

Foi Alfredo Nascimento quem determinou a distribuição das camisetas com frase contra a pedofilia, com o propósito de macular a honra do governador Omar Aziz. A ideia, no entanto, foi de Sabá Reis e Jefferson Coronel, diretor de marketing da campanha de Alfredo. Acreditavam os dois que Braz Silva poderia usar a sua condição de notório fiel da Igreja Católica, para distribuir as camisetas sem ser incomodado pela Justiça Eleitoral ou pela Polícia Federal. Bastava, para tanto, agir como se realmente estivesse a serviço da Igreja Católica.

Experiente no exercício da dissimulação, Alfredo Nascimento fez questão de orientar pessoalmente Braz Silva. Ficou acertado que Braz distribuiria as camisetas em carro sem nenhuma propaganda eleitoral, a fim de que as pessoas acreditassem que efetivamente se tratava de uma campanha da Igreja Católica. Alfredo, Sabá Reis e Jefferson Coronel tinham concluído que o tema – a pedofilia – da falsa campanha era suficiente, por si só, para que os eleitores o associassem ao governador Omar Aziz.

Essa associação, na análise de Alfredo, Sabá e Coronel, seria uma consequência natural dos milhares de panfletos que os três mandaram distribuir recentemente em todo o Estado, chamando Omar de pedófilo.

O plano mefistofélico só não deu certo porque Braz Silva, por razões que só um sujeito sem princípios como ele é que poderia explicar, resolveu distribuir as camisetas utilizando sua picape Ranger, que mais parece um “outdoor” ambulante de Alfredo Nascimento e Sabá Reis.

CHEFE IRRITADO

Foram apreendidas pela Polícia Federal, sob o comando do juiz eleitoral Carlos Zamith Júnior, 325 camisetas, mas, segundo apurou o repórter Édi Prado, pelo menos mais 50 mil estavam na casa de Braz Silva. Boa parte delas seria distribuída em cidades do interior, sob o mesmo pretexto, ou seja, de que se tratava de uma campanha da Igreja Católica. Édi Prado não conseguiu descobrir que destino foi dado às camisetas. Sabe apenas que assessores de Alfredo, inclusive Jefferson Coronel, retiraram as camisetas da casa de Braz Silva na madrugada da mesma noite em que ele e a esposa foram presos.

Ao ser informado da prisão de Braz Silva e do que a motivara, Alfredo Nascimento chegou a esmurrar a mesa de tanta raiva. “Eu disse várias vezes para aquele infeliz não usar o carro dele quando estivesse distribuindo as camisetas”, lembrou Alfredo, aos gritos, segundo relato de um assessor.

DEMISSÃO

Indignado com as mentiras de Braz Silva, que levaram a Polícia Federal a revistar a Rádio Rio Mar, o diretor da emissora, padre Charles Cunha da Silva, decidiu demiti-lo. Braz apresentava na rádio um programa que falava de fé e esperança. Padre Charles, cujo nome também foi envolvido por Braz em sua tentativa de conferir caráter religioso à distribuição das camisetas, disse estar “profundamente decepcionado” e “triste” com a atitude do ex-vereador. “Ele (Braz Silva) foi de uma crueldade enorme ao envolver a Igreja Católica e a Rádio Rio Mar, que o acolheram com tanto carinho, numa trama dessa natureza”, queixou-se o padre.


Veja a seguir nota assinada pelo arcebispo de Manaus, Dom Luís Soares Vieira, e pelo padre Charles Cunha, na qual os dois desmentem categoricamente a versão de Braz Silva de que a distribuição das camisetas tinha o aval da Igreja Católica.


NOTA DE ESCLARECIMENTO AO POVO DO AMAZONAS

EM 55 ANOS DE HISTÓRIA A RÁDIO RIO MAR SEMPRE PRIMOU PELA ÉTICA NA POLÍTICA E JAMAIS OBSTRUIU O PROCESSO DEMOCRÁTICO DO PAÍS E POR SER LIGADA A ARQUIDIOCESE DE MANAUS SEMPRE ESTEVE COMPROMETIDA COM A VERDADE E A VIDA!.

NA NOITE DO DIA 3 DE SETEMBRO A PARTIR DE UMA BLITZ COMANDADA PELO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL E A POLÍCIA FEDERAL FICOU CONSTATADA A PRESENÇA DE MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DA CAMPANHA CONTRA A PEDOFILIA NO CARRO DO RADIALISTA BRÁS SILVA, QUE ESTAVA ESTACIONADO NA AVENIDA EDUARDO RIBEIRO. NESTE MOMENTO, O RADIALISTA ESTAVA APRESENTANDO O PROGRAMA “FÉ E ESPERANÇA”, DE PRODUÇÃO INDEPENDENTE, DE CUNHO ESTRITAMENTE RELIGIOSO, QUE É LEVADO AO AR TODA SEXTA-FEIRA DAS 8 ÀS 9 DA NOITE, NA EMISSORA.

APÓS APREENSÃO DO MATERIAL NO CARRO DO RADIALISTA A POLÍCIA FEDERAL E A JUSTIÇA ELEITORAL DIRIGIRAM-SE PARA O PRÉDIO DA RÁDIO RIO MAR, EM BUSCA DE MATERIAL DE PROPAGANDA ELEITORAL. DIANTE DA AVERIGUAÇÃO, NADA FOI CONSTATADO.

A ARQUIDIOCESE DE MANAUS E A RÁDIO E FUNDAÇÃO RIO MAR ESCLARECEM QUE NÃO ESTÃO À FRENTE DA REFERIDA CAMPANHA, REAFIRMAM SEU COMPROMISSO EM FAVOR DA VIDA E DA DIGNIDADE HUMANA E PERANTE DEUS E A JUSTIÇA DOS HOMENS, COLABORAM NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA, MANTENDO UMA POSTURA ÉTICA QUE NÃO VIOLA O PROCESSO ELEITORAL EM CURSO EM NOSSO PAÍS.

A ARQUIDIOCESE DE MANAUS E A RÁDIO E FUNDAÇÃO RIO MAR REITERAM A MESMA POSTURA CONSTRUÍDA AO LONGO DA HISTÓRIA: COMPROMISSO COM A VERDADE E A VIDA!
MANAUS, 04 DE SETEMBRO DE 2010

Dom Luís Soares Vieira - Arcebispo de Manaus

Padre Charles Cunha, diretor da Rádio Rio Mar.