BLOG DO HOLANDA “PLANTA” NOTÍCIA A MANDO DE GARCIA E EDUARDO BRAGA

No último fim de semana, o jornalista Raimundo Holanda postou em seu blog a seguinte matéria:
“O deputado Sabino Castelo Branco deve ser investigado por suposta associação para o tráfico. Falta a autorização ser dada pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez que ele é parlamentar e tem foro privilegiado. Há um antigo caso de apreensão de drogas, uma prisão - a do escrivão da Policia Civil, Edmundo Alencar - acusado de extorsão a traficantes - condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Mauro Antony, da 2ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes. A droga apreendida era heroína e os envolvidos chegaram a falar num tal de Sabino, que seria vereador, à época. Pode ser mera coincidência e o nome citado não ser o Sabino que Manaus aprendeu a conhecer. Um cara legal, você sabem...

O problema é que o histórico de Sabino depõe contra ele. Em janeiro de 1990 ele foi preso em Guajará Mirim, municipio do Estado de Rondônia, que faz fronteira com a Bolívia, carregando 10 quilos da pasta base e 60 gramas de pó de cocaína. Não se sabe qual o milagre, mas Sabino, embora detido, acabou ganhando a liberdade. E no dia 22 de abril de 2003 o caso foi a julgamento pela Justiça Federal. O relator, desembargador Hilton Queiroz, decidiu arquivar o caso porque havia prescrito:

`Ementa:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO INTERNACIONAL DE ENTORPECENTES. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. VOTO VENCIDO AFASTANDO O DELITO DO ARTIGO 14 DA LEI 6.368/1976. EMBARGOS INFRINGENTES PREJUDICADOS.

1. O último ato interruptivo da prescrição foi, no caso, a sentença condenatória recorrível (artigo 117-IV do Código Penal), a partir de cuja publicação voltou seu prazo a fluir, de sorte que, dessa data até à presente, quase doze anos transcorreram, o que basta para fazer incidir a prescrição da pretensão punitiva, eis que, pela pena concretizada contra os apenados (quatro anos para cada delito em concurso), opera-se em oito anos, nos exatos termos dos artigos 109-IV, 110, § 1º, 114-II e 117-IV e 119, todos do aludido Código.

2. Embargos infringentes prejudicados. "

A impunidade havia vencido, graças a velhice de um processo que dormiu na mesa de algum juiz para beneficiar o infrator.

Naquele ano (2003), Sabino já era a estrela de um programa de televisão em Manaus, que o catapultou para a Câmara Municipal da cidade como o vereador mais votado. Daí foi um passo para chegar à Câmara Federal.
Quando falam no assunto (de tráfico com o deputado), ele costuma responder: "quem nunca errou que atire a primeira pedra''. O risco de Sabino é não faltarem pedras no seu caminho nas eleições de 2010. Se o caso - esse da heroina apreendida em Manaus e onde os envolvidos chegaram a citar o nome do parlamentar - estourar agora, pode nem sair candidato.”
COMENTÁRIOS CENSURADOS
Assim que li a matéria, postei dois comentários no Blog do Holanda. Nenhum deles foi divulgado, o que contraria a bandeira de lisura e transparência publica e permanentemente ostentada por ele.
Veja agora o teor dos comentários, censurados pelo blogueiro:
Caro Holanda:
A matéria acima tem pelo menos dois erros de informação: 1º) O escrivão de polícia Edmundo Alencar da Silva foi condenado a 9 anos de reclusão, e não a 15; 2º) Não consta dos autos, em nenhuma fase, o nome Sabino, quer como testemunha, quer como acusado ou réu.
O que há, em verdade, são boatos de que a droga pertencia a Sabino Castelo Branco. Daniel, o homem em cujo poder foi apreendida a heroína, seria amigo do deputado. Os boatos surgiram depois que Sabino e o policial Edmundo tiveram um entrevero por causa da prisão de Daniel. O que causa estranheza, porém, é o fato de esses boatos só terem ganhado ares de verossimilhança justamente agora, quando se avizinham novas eleições. Sabino seria a bola da vez, após interesses inconfessáveis terem atirado Wallace Souza no abismo e deixado seu irmão, o vice-prefeito, à beira dele?

Holanda:
A matéria em epígrafe - você sabe disso - está incompleta. Não cita, por exemplo, o órgão que supostamente requereu licença ao STF para investigar o deputado federal Sabino Castelo Branco. Essa grave omissão nos leva, sem hesitação, a uma pergunta: será que alguma instituição efetivamente formulou tal pedido à Corte Suprema do País? Esse questionamento, infelizmente, nos conduz a uma melancólica conjectura: se não há órgão, a matéria foi propositadamente plantada com o intuito de abalar a credibilidade popular de Sabino. Fico reiteradamente me perguntando se você seria capaz de cometer essa vilania. Antes que você seja dominado pela ideia de que sou amigo do deputado, apresso-me em ressaltar que as observações que acabo de fazer são de um jornalista sem matiz partidária nem vínculo pessoal com político, absolutamente nenhum. A leitura crítica sempre me fascinou, e certamente me fascinará até a morte se encarregar de espalhar este punhado de pó na eternidade do nada, como diria Machado (Memórias Póstumas de Brás Cubas).

O QUÉ HÁ POR TRÁS DA NOTÍCIA
Antes de revelar o que há por trás da notícia divulgada por Holanda, gostaria de ressaltar, mais uma vez, que não sou amigo do deputado Sabino Castelo Branco e nem o conheço pessoalmente. Minha intenção – única, diga-se de passagem – é trazer à tona os interesses nada nobres que motivaram a veiculação da matéria em questão. Faria o mesmo, sem hesitação, se algo semelhante tivesse sido feito com o governador Eduardo Braga ou mesmo com o ex-deputado federal e empresário Francisco Garcia, o homem mais sortudo do Amazonas, quiçá do Brasil: ganhou mais de 40 vezes na loteria (falarei sobre isso numa outra oportunidade).
Jornalista experiente que é, com mais de 30 anos de efetivo exercício da profissão, Raimundo Holanda nunca jamais omitiria um dado extremamente relevante para a notícia como o que ele omitiu. Ele sabe – assim como qualquer outro jornalista, mesmo os inexperientes -, que tal informação conferiria – e muito! – credibilidade à notícia de que Sabino pode ser investigado por associação para o tráfico de drogas. Se Holanda não mencionou o órgão que supostamente requereu licença ao STF para investigar o deputado, é porque tal pedido nunca foi formulado. Daí a conclusão de que a matéria foi “plantada” com propósitos sórdidos.
Cuido que o arquiteto dessa maquiavelice não foi outro senão Francisco Garcia, a quem Holanda serve cegamente há pelo menos uma década. Garcia teria mandado Holanda “plantar” a notícia a pedido do governador Eduardo Braga, que teme que o prefeito Amazonino Mendes se beneficie novamente da expressiva densidade eleitoral de Sabino na disputa pelo governo do Estado. Amazonino tem dito que não é candidato a governador, mas todo o mudo sabe que ele o será. Essa sua estratégia é mais velha do que as pirâmides do Egito.
Braga já conseguiu destruir moral e politicamente o ex-deputado Wallace Souza e por pouco não fez o mesmo com o vice-prefeito Carlos Souza e com o vereador Fausto Souza. Tentou. Como tentou. E certamente vai continuar tentando. Quer Braga com isso obstaculizar o caminho ao governo do Estado que Amazonino novamente pretende trilhar este ano. Braga sabe que, sozinho (sem os irmãos Souza nem Sabino), Amazonino vai aposentar-se como prefeito.