sexta-feira, 10 de setembro de 2010
CRIMES E LIVROS
Por Luiz Fernando Veríssimo (foto) - "They lied, thousands died". Tradução sem rima: eles mentiram, milhares morreram. As mentiras foram as de Bush e dos neoconservadores que usaram a ameaça fictícia das armas de destruição em massa do Saddam Hussein e sua suposta responsabilidade no ataque ao World Trade Center para justificar a invasão do Iraque. Resultado, depois da mais longa guerra da história dos Estados Unidos, que chega ao fim: quase 5000 soldados americanos e mais de 100 mil iraquianos mortos — não computadas as vítimas dos últimos atentados a bomba no país, que ainda está longe da paz. E sem contar os corpos mutilados e as mentes destruídas de sobreviventes.
Na Inglaterra alguns encontraram uma maneira não violenta de protestar contra o livro em que o ex-primeiro-ministro Tony Blair, entre outras coisas, defende sua decisão de apoiar o ataque dos Estados Unidos e também mandar tropas para o Iraque. Estão pegando exemplares do livro do Blair e levando para a seção de livros de crime nas livrarias. Mas nem Blair, nem Bush nem os neocons se arriscam a enfrentar uma condenação maior do que esta pelo que fizeram.
POÇÕES
Quem teme pelo futuro do livro e lamenta a falta de leitores no Brasil deveria dar um jeito de conhecer a Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém do Pará. Garanto que sairia com as esperanças recauchutadas e nova fé no brasileiro. A Feira, que estava na sua décima quarta edição quando a visitamos com o Zuenir e a Mary , há dias, não para de crescer e já é uma das principais no continente.
Claro que só uma pequena parte daquela multidão estava lá para comprar livros, mas o livro e seus entornos eram a principal atração do evento e a maior parte da multidão era de jovens leitores em potencial. No famoso mercado Ver-o-Peso, de Belém, vendem poções para fazer crescer cabelo em careca enquanto levantam seu libido e curam sua lerdeza, mas aposto que nenhum líquido engarrafado entusiasmaria mais do que a visão da garotada enchendo todos os espaços da enorme feira, levada pelo livro.
COMO LE GUSTA
Na parte externa da Feira, que ocupa uma grande estrutura remodelada que foi hangar dos aviões "Catalina" durante a Segunda Guerra Mundial, havia shows todas as noites, e não era pouca coisa. Gilberto Gil cantando só xote, xaxado e baião, Lenine, "Funk como le gusta", Emilio Santiago.
E por que ninguém tinha me dito que a Luíza Possi não é só filha da Zizi e um rosto bonito, mas uma belíssima cantora e música, com uma presença em cena, de gente grande? Foi outra poção entusiasmante.
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