sábado, 9 de outubro de 2010

DEU NO JORNAL DA RECORD: RIBEIRINHOS FABRICAM ESPETOS DE CHURRASCO PARA TROCÁ-LOS POR COMIDA

Por Loyola Arruda - O Jornal da Record mostrou ontem ao Brasil a miséria que grassa entre moradores das margens do rio Negro, no Amazonas. Para sobreviver, eles fabricam espetos de churrasco e os trocam por comida. Utilizando facões e machados, crianças ajudam os pais na fabricação dos espetos. As leis ambientais proíbem esse tipo de atividade. Os ribeirinhos disseram ao repórter Luiz Carlos Azenha que fazem isso porque não dispõem de outro meio de subsistência.

Cada espeto é vendido ao atravessador por 40 centavos. Em Manaus, custa um real, conforme mostrou Azenha. Pequenos barcos levam os espetos para a cidade à noite, a fim de fugirem da fiscalização de órgãos ambientais.

Os ribeirinhos nunca recebem dinheiro. O pagamento é feito com alimentos. Um quilo de café chega a custar 16 reais, quase o dobro do preço em Manaus. Eles sempre ficam devendo aos atravessadores. Esse tipo de exploração da mão de obra dos ribeirinhos vem desde o ciclo da borracha, quando eles extraiam látex para trocar por gêneros alimentícios com os "regatões". Eles se submetem porque o Estado não os alcança, relegando-os à miséria e ao abandono.

Para atenuar o estado de carência dessa gente, o ex-governador e agora senador eleito Eduardo Braga (PMDB) criou em sua gestão o “Bolsa Floresta”, no valor de 50 reais. A contrapartida do beneficiado é não desmatar. Muitos recusaram, alegando que passariam fome com a família por causa do baixo valor da bolsa. Preferem fabricar espetos. Dizem que conseguem ganhar bem mais.

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