O lobby dos delegados da Polícia Federal que querem ser
reconhecidos na Constituição como carreira jurídica para obter prerrogativas
dos magistrados - vitaliciedade, irredutibilidade de vencimentos e inamovibilidade
- expôs um racha na corporação. Policiais que exercem outras funções na PF,
como agentes e escrivães, alegam que o real objetivo dos delegados é engordar o
contracheque - passariam a receber o equivalente a 95% do que ganham os
ministros do Supremo Tribunal Federal, teto do funcionalismo.
"Transformar o cargo de delegado em carreira jurídica
é criar o trem da alegria para aumento salarial e garantias
injustificadas", aponta o Sindicato dos Servidores da PF em São Paulo.
"A briga por garantias iguais às de juízes reflete apenas reivindicação de
uma única categoria profissional, a dos delegados."
A PF é composta por seis categorias - agentes, escrivães,
papiloscopistas, administrativos, peritos e delegados. "Somos contra a
transformação do cargo de delegados em carreira jurídica. Função de delegado é
presidir inquérito policial, peça mecânica e repetitiva, que poderia ser
conduzida, na prática, por qualquer pessoa com nível superior em qualquer área,
não necessariamente bacharel em Direito."
Os delegados estão mobilizados para tentar aprovar este ano
na Câmara e no Senado emendas à Constituição que os colocam no mesmo patamar
dos juízes. Eles pediram apoio ao ministro José Eduardo Martins Cardozo
(Justiça). Mas o Sindicato dos Servidores da PF tem outra sugestão.
"Precisamos que o Congresso aprove leis rígidas no combate à corrupção,
crime organizado, tráfico e lavagem de dinheiro."
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