Deputado Odair Cunha (PT-MG)
(Foto:
Divulgação)
Na tentativa de aprovar o relatório final da CPI do
Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG) recuou e apresentou nesta
terça-feira, 27, formalmente à bancada governista proposta para retirar do
texto o pedido de indiciamento de cinco jornalistas - entre eles, Policarpo
Júnior, redator-chefe da revista Veja - e a sugestão para que o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, seja investigado pelo Conselho
Nacional do Ministério Público. Cunha classificou esses dois itens de
"secundários" e "acessórios" e, por isso, passíveis de saírem
do relatório.
"Se os partidos se comprometeram a aprovar o
essencial, estou disposto a retirar o secundário. O encaminhamento do
procurador-geral para o conselho e o indiciamento dos jornalistas é
irrelevante; não é uma questão central. Se o procurador e os jornalistas são
elementos que criam obstáculos à aprovação do relatório, abro mão deles",
afirmou.
No lugar de pedir o indiciamento dos jornalistas,
Cunha deverá solicitar que a Polícia Federal aprofunde as investigações sobre
as relações deles com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira. O relator se reuniu ontem com os integrantes da bancada
aliada que integram a CPI e apresentou a proposta de retirada dos itens
considerados polêmicos. O PMDB não aceita nem o indiciamento dos jornalistas
nem o encaminhamento de Gurgel para o conselho.
Com mais de cinco mil páginas, o relatório de Cunha
foi mal recebido pelos integrantes da CPI, que ameaçam derrubar todo o texto.
Além dos jornalistas e de Gurgel, outro ponto polêmico foi o pedido de
indiciamento de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções. Os aliados são
contra, mas, por enquanto, nenhum partido pediu a retirada do indiciamento do
empresário. A integrantes da CPI, Cunha confidenciou que não vai retirar
espontaneamente Cavendish do relatório.
Nesta quarta-feira, 28, Cunha pretende ler o resumo
de 300 páginas com as conclusões da CPI. Ele propôs indiciamento do governador
de Goiás, o tucano Marconi Perillo, em seis crimes. O PSDB acusou o relator de
ser parcial por deixar de fora o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). "A
situação do Marconi é idêntica a do Agnelo", disse o deputado Domingos
Sávio (PSDB-MG). "Não foi comprovado que o Agnelo sucumbiu aos interesses
da organização criminosa do Cachoeira.
No caso do Perillo há encontros dele com o
contraventor e até possível entrega de dinheiro", rebateu Cunha.
Os tucanos apostam todas as suas fichas na
insatisfação dos aliados com o relatório para derrubar a toda a proposta. Assim
a CPI se encerra sem um relatório final, sem pedir o indiciamento de Perillo e
de outras 45 pessoas. A quebra dos sigilos bancário e fiscal de 83 pessoas
físicas e jurídicas revelou uma movimentação de R$ 84 bilhões, nos últimos dez
anos. Segundo o relator, a maioria dessas transações ocorreu em períodos
eleitorais.
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