segunda-feira, 5 de abril de 2010

VENDA DE ANTIDEPRESSIVOS NO BRASIL SOBE 48%



As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os próximos 20 anos não são das mais animadoras. Segundo levantamento da instituição, a depressão será, em 2020, a segunda doença mais prevalente do mundo, atrás somente do infarto agudo do miocárdio. Mas, em 2030, apenas uma década depois, o transtorno psiquiátrico — também conhecido como “doença da alma” — já ocupará a primeira colocação do ranking, à frente de outros males como câncer e aids.
A julgar pelos cálculos da OMS, os antidepressivos serão, em pouco tempo, o medicamento mais vendido do planeta. No Brasil, eles já são a quarta classe de remédios mais comercializados, depois de anti-inflamatórios, analgésicos e contraceptivos. Nos últimos cinco anos, segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com base em dados do IMS Health, instituto que faz auditoria do mercado farmacêutico, a venda de antidepressivos em farmácias e drogarias cresceu 48%. Em 2003, foram comercializados 17 milhões de unidades — entre gotas, cápsulas e cartelas de comprimidos. Em 2008, esse número saltou para 25,9 milhões. Ainda segundo o IMS, entre 2005 e 2009, as vendas registraram, em reais, um aumento de 74%. Passou de R$ 560 mil para R$ 976 mil.
Esses números não surpreendem o psiquiatra Ricardo Moreno, professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “Do ponto de vista da indústria farmacêutica, antidepressivo virou sinônimo de lucro. Afinal, eles são consumidos no mundo inteiro. E a prevalência da doença é alta na população em geral: algo em torno de 17%. Isso significa que uma em cada cinco pessoas terá pelo menos um episódio de depressão ao longo da vida”, avalia Moreno.

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