"Como é que podemos ignorar uma reivindicação que vem de 1,7 milhão de brasileiros?", perguntou Arthur Virgílio, da tribuna, referindo-se ao projeto de lei da "ficha limpa" que, aprovado pela Câmara, chegou à noite ao Senado.
O senador assinalou que um milhão e setecentos mil podem parecer pouco diante de um eleitorado de quase 200 milhões. Para ele, porém, isso não é pouco e é muito expressivo. "Nós aqui somos apenas 81", disse. "E de qualquer modo - acrescentou - temos a obrigação de deliberar sobre uma proposta de iniciativa popular que visa a melhorar os costumes políticos."
"Chegamos a um ponto - observou - que nos rebaixa. Pessoas de fora apontam alguém e dizem que esse é um homem honesto, um homem de bem. Isso para mim não é elogio. Fui criado para ser pessoa de bem e procuro corresponder aos ensinamentos que recebi. Do jeito que as coisas andam, daqui a pouco, ser homem de bem parecerá grande coisa. Então, isso poderá bastar por si mesmo. Se a pessoa é de bem, pode ser preguiçosa, pode não ser trabalhadora, não ser assídua no trabalho.”
Arthur Virgílio disse não ter dúvida de que a maioria esmagadora dos congressistas é constituída de pessoas de bem. As de má índole, que entram na vida pública, são minoria, mas tão ruidosa que passa para a opinião pública a ideia de ser maioria. "A gente sente que farejam negócio - frisou - farejam dinheiro. Uns estão querendo negócios e outros estão querendo trabalhar, cada um com a sua visão de Brasil e de mundo, com a qual as pessoas podem concordar ou não, mas querem trabalhar. Esses são os verdadeiros homens públicos."
O senador citou o político e escritor britânico Benjamin Disraeli, segundo o qual a Inglaterra sempre seria um grande país porque a ousadia dos seus homens de bem era tão grande quanto a dos canalhas. "Não podemos permitir - acrescentou Virgílio - que no Brasil os homens de bem se intimidem e cedam espaço à ousadia daqueles que não se portam de acordo com as boas regras no trato da coisa pública."
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