quinta-feira, 16 de setembro de 2010
POR QUE ERENICE GUERRA CAIU
Por Roseann Kennedy - Formalmente o pedido foi de demissão. Mas, na prática, obviamente que saíram com ela. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra foi forçada a deixar o cargo, na manhã desta quinta-feira.
Erenice vinha sangrando no Governo, desde o fim de semana, com a denúncia publicada pela revista Veja, de lobby na negociação de contratos com seu filho Israel Guerra.
Ela entrou num processo de fritura maior ainda depois da nota inconveniente, em que associou o escândalo à campanha eleitoral e ainda subiu no salto, com um discurso petista de já ganhou na corrida presidencial.
Mas foi a denúncia publicada pela Folha de São Paulo nesta quinta-feira a pá de cal para tirá-la do Governo. “Em caráter irrevogável”, como disse na carta lida pelo porta-voz da Presidência.
A última acusação traz para muito perto da campanha presidencial de Dilma Roussef as denúncias de cobrança de propina na Casa Civil. Um empresário de Campinas diz que a empresa do filho de Erenice pediu dinheiro para a liberação de um empréstimo no BNDES e entre os valores haveria um repasse de cinco milhões de reais para pagar dívidas de Dilma Roussef.
A parentada de Erenice Guerra empregada no Governo também foi ponto agravante. Houve o entendimento de que esse é um tipo de informação que chega ao eleitor com mais facilidade.
Diferentemente das denúncias de quebra de sigilo na Receita Federal, assunto de difícil penetração na população, falar em cabide de empregos para parentes é algo que se espalha rapidamente.
Uma prova de que o assunto tende a ganhar dimensão é que o nome Erenice Guerra assumiu o topo dos trend topics do Twitter desde o início da manhã. A princípio foi o tema mais abordado nos twitters brasileiros, mas agora já é o mais comentado internacionalmente.
O Planalto demorou a agir, contando com a sorte. Apostou que as denúncias parariam na publicação do fim de semana e que o assunto morreria. Sabia que se demitisse Erenice de imediato poderia soar como suspeita contra ela dentro do próprio Governo. Não se preocupando se sua permanência poderia interferir nas investigações.
Mas, frente ao risco de o assunto atrapalhar a candidatura de Dilma Roussef, não houve outra alternativa.
Agora a ordem é para toda a militância petista ir às ruas creditar tudo à intriga da oposição.
No ambiente político, fica a expectativa pelo resultado das próximas pesquisas para saber se o escândalo na Casa Civil abalou de alguma forma estatística a campanha de Dilma Roussef.
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